Professores da rede municipal de SP fazem ato por salário e carreira

Cerca de dois mil profissionais ligados a sindicato estão em frente à Prefeitura, no centro

PUBLICIDADE

Por Paulo Saldaña
Atualização:

Cerca de dois mil professores da rede municipal de São Paulo, segundo organizadores, realizam na tarde desta quarta-feira, 23, manifestação em frente à Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade. A categoria está em campanha por melhorias salarial e na carreira.

PUBLICIDADE

O Viaduto do Chá está tomado por professores. A via interditada desde as 14h, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego. A Polícia Militar não informou que, às 15h, havia 400 manifestantes.

Entre as principais reivindicações, está a incorporação de um bônus complementar prometido pela gestão Fernando Haddad (PT) para profissionais da educação que recebem os menores salários. A paralisação é realizada pelo Sinpeem, um dos cinco sindicatos da categoria. O Sinpeem ameaça decretar greve caso a Prefeitura não atenda às reivindicações. Neste momento, representantes do Sinpeem estão em reunião com a Prefeitura e não puderam falar com a reportagem.

A categoria teve uma reunião de negociação com ana terça-feira, dia 22, com a Prefeitura. A proposta da gestão é oferecer 13,43% de abono a profissionais da educação que recebem o piso, cerca de R$ 2.600. Os professores e sindicatos querem a incorporação do bônus e a definição de quando isso vai ocorrer. Até agora a Prefeitura não quer se comprometer com essa incorporação e tem proposto voltar a esse debate apenas no ano que vem.

O presidente do sindicato Aprofem, Ismael Nery Palhares Junior, espera uma definição do município sobre o assunto. "Solicitamos que na mesma lei que concede o abono haja a previsão de incorporação. Não precisa ser de imediato." Palhares ressalta que as negociações ainda não acabaram, apesar de reclamar que "as conversas estão a passo de tartaruga".

Os filiados ao Sinesp, outro sindicato da categoria, decidiram aguardar as negociações antes de aderir a paralisações - por isso também não aderiram à paralisação. "Estamos em campanha e a negociação não terminou", disse o presidente do Sinesp, João Alberto Rodrigues de Souza.

Além da questão do bônus, outros pontos fazem parte da pauta conjunta da categoria: mudanças nos critérios do pagamento do Prêmio de Desempenho Educacional (PDE) e prorrogação de data relativa ao Sistema de Gestão Pedagógica.Por causa de nova regra de cálculo do PDE implementada por Haddad, que deu mais peso ao número de ausências para chegar ao prêmio, cerca de 45% dos servidores da educação teriam que devolver dinheiro que fora adiantado. Após pressão dos sindicatos, o secretário de Educação Cesar Callegari já sinalizou revisão das regras.

Publicidade

A professora Nelice Pompeu, de 40 anos, diz que o ato não se resume à questão salarial, mas é uma defesa pela escola pública de qualidade. "É consenso na rede que esse movimento não é apenas por condições salariais, mas é uma luta pela qualidade do ensino público. A Prefeitura alega que não tem dinheiro para a área, mas continua investindo em propagandas impressas, na TV e no rádio", diz ela, que está na paralisação. "A prefeitura está anunciando como se o reajuste anunciado neste mês fosse dessa gestão, mas na verdade isso já era garantido em lei."

A Prefeitura de São Paulo anunciou no dia 4 de abril que vai pagar reajuste salarial de 13,43% aos servidores da educação da rede municipal. Esse aumento estava previsto em lei de 2011, na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD). A gestão atual defende que o aumento foi garantido por essa administração.

O Sinpeem ainda reclama que um índice de reajuste prometido ano passado (de 11,46% a ser pago em três parcelas) não foi retomado neste ano pela Prefeitura. A gestão abandonou essa proposta em 2013 após o sindicato entrar em greve e, como nada foi assinado na ocasião, não retomou o oferta.

Uma reunião da mesa central de negociação está marcada para sexta, dia 25. No dia 28, um ato de todo funcionalismo também está agendado.

*Atualizado às 20h40

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.