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Professor ensina matemática nos calçadões do centro de SP

Márcio Barbosa ensina truques para quem tem dificuldades em aprender aritimética e álgebra

Por Agencia Estado
Atualização:

Cálculos matemáticos estão concorrendo com brinquedos, balas, relógios e CDs piratas vendidos pelos camelôs nos calçadões do Centro de São Paulo. Desde o ano passado, um professor mineiro especializado em concursos e vestibulares instala seu quadro-negro na calçada em frente a Bolsa de Valores, na Avenida Paulista ou na Praça do Patriarca, tira um pincel atômico do bolso e começa a ensinar seu método revolucionário: o Método MAB. "MAB" vem das iniciais do nome do criador - o professor Márcio Barbosa - e consiste num conjunto de macetes que transformam em mágica cálculos difíceis do dia-a-dia. "Meu primeiro objetivo é contagiar as pessoas com a beleza da matemática", diz o professor Barbosa. Para aprendê-lo, basta assistir ao show do professor por alguns minutos. O gravador de jóias Leandro Gomes, de 26 anos, ficou de boca aberta: em 15 segundos, o engraxate Sandro Augusto da Silva Santos, de 14, fez a conta 89773374 menos 58966241. "É rápido demais", disse Leandro, depois de aprender uma das técnicas. O método ensina, entre muitas técnicas, a fazer tabuada com as mãos e deixa mais fáceis e rápidas as contas de subtração. O curioso que parar para ouvir o professor também pode aprender a extrair a raiz quadrada de 1849 num instante. "O jeito que a escola ensina não é didático", diz o professor Barbosa. "Já os meus algaritmos, que são generalizados, encantam as pessoas." Engraxates que abandonaram a sala de aula são os alunos preferidos de Barbosa. "Esse aqui não sabia quando era 3 vezes três. Veja só o que ele faz agora", conta ele, enquanto o garoto Sandro ensina extração instantânea de raiz cúbica a um passante. "Você não imagina o que eu posso fazer com os garotos da Febem." Aulas na rua e palestras não custam nada. Quem se interessar pode comprar a apostila com o método a R$ 20 ou a fita de vídeo (R$ 30). "Mas vendo pouco aqui na rua", diz o professor, que lucra mais com vendas depois de palestras em cursinhos e universidades, "Mas gosto de gastar meu tempo livre ensinando na rua o que todo mundo deveria saber." Quando o professor Barbosa chegou a São Paulo, no começo do ano passado, o Ministério da Fazenda lhe cedeu um salão para dar aulas gratuitas a candidatos a fiscais do INSS. "Foram quase 10 mil pessoas", conta. No Educafro, uma organização destinada à educação de negros, foram quase 20 mil alunos, segundo Barbosa. Agora, ele quer ver o método MAB aplicado nas escolas públicas. "Já fui ao Ministério da Educação apresentá-lo", diz ele. Instituir o método não deverá ser tão simples assim. "Matemática não é apenas fazer contas", diz a professora Edna Maura Zuffi, da USP-São Carlos. "O importante é aprender que conta fazer, a conta em si pode ser resolvida com uma calculadora de R$ 1,99." Enquanto o método MAB não migra para os livros didáticos, o professor Márcio Barbosa continua dando instruções aos curiosos que o rodeiam nas ruas de São Paulo: "Pegue seu trem, pegue seu ônibus e vá treinando. É a matemática básica."

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