31 de agosto de 2011 | 12h17
O procurador de Justiça e professor de direito do Mackenzie Marco Antônio Ferreira Lima tirou do ar sua página do Facebook. Ele escreveu na rede social que uma aluna da universidade disse a seu irmão, também professor de Direito da instituição, que ele era um "negro sujo", que "preto não pode dar aula no Mackenzie" e que "preto não pode ter poder".
Ameaçada de prisão, aluna do Mackenzie é acusada de racismo no Facebook
A polêmica começou na última sexta-feira, 26, quando o irmão de Marco, Paulo Marco Ferreira Lima, foi abordado pela aluna do 5º ano de Direito que não quis se identificar para a reportagem. Ela teria criticado a metodologia das aulas de Lima.
Irritado com os comentários e por achar que a moça estava descontrolada, Paulo Marco a proibiu de entrar na sala de aula, chamando seguranças para contê-la.
De acordo com a estudante, o professor chegou a ameaçar dar voz de prisão a ela, por estar causando distúrbios. Paulo Marco não nega a acusação.
Nesta semana, no Facebook do professor Marco Antônio Ferreira Lima, havia várias mensagens relativas ao incidente. Numa delas, ele dizia ser importante "orar" pela aluna. Noutra, acusava a moça de ter chamado seu irmão de "negro sujo" e que tinha orgulho das suas origens. Em postagens mais antigas, o professor fazia piadas sobre a decisão do STF de aprovar a união estável entre homossexuais.
A aluna, bolsista do ProUni, negou todas as acusações feitas pela dupla de professores-procuradores e diz estar assustada com a situação. Ela diz que não vai trabalhar nem ir à aula nesta quarta-feira, por estar muito "abalada".
A estudante afirma que o fato de o irmão do professor ter tirado seu Facebook do ar não é um problema. "O Centro Acadêmico tem cópias de tudo", afirma. "Ele já deve ter percebido seu erro, mas isso é uma calúnia, um crime."
O Centro Acadêmico João Mendes Jr., do curso de Direito do Mackenzie, divulgou nota de repúdio afirmando ser "inadmissível" a postura do professor que deu voz de prisão: "Em um país de 'doutores', em que qualquer um se acham acima da lei, não podemos permitir que em nossa faculdade, um ambiente exclusivamente acadêmico, pessoas desse tipo continuem a desrespeitar nossa Constituição".
A direção do Mackenzie vai se reunir ainda nesta semana com os dois professores para decidir o que fazer.
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