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Procura por intercâmbio em família cresce 40%

Pais e filhos têm trocado as viagens de lazer por períodos de estudo no exterior

Por Suzage G. Frutuoso e do Jornal da Tarde
Atualização:

Adultos que devem se manter atualizados no mercado de trabalho. Jovens que precisam ingressar no mundo profissional cada vez mais preparados, com inglês na ponta da língua e encaminhados em mais um idioma. Tanta exigência, para todas as gerações, impulsionou o intercâmbio em família, tendência que cresceu 40% apenas nos últimos dois anos, de acordo com agências do setor.

 

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A melhora do poder aquisitivo do brasileiro também influencia o movimento. Muitos já puderam viajar a lazer. Investir numa experiência de estudos, absorvendo ao mesmo tempo a cultura de outro país, é uma segunda etapa.

 

“É uma necessidade dos pais e um incentivo para os filhos se prepararem e arriscarem viagens maiores no futuro”, diz Marcia Mattos, gerente de Cursos no Exterior do Student Travel Bureau (STB). Ela afirma que a procura só no segundo semestre de 2011 aumentou em 80%. Para Marcelo Albuquerque, diretor da IE Intercâmbios, a valorização do Brasil criou novas oportunidades de trabalho. “E as pessoas sentem que qualificação é indispensável.”

 

O que pode mudar no modelo de intercâmbio em família é a acomodação. “É comum o aluguel de um apartamento”, diz Tereza Fulfaro, diretora de educação da CI, Central de Intercâmbio. Mas a opção de casa de família ainda é a mais procurada pelos estudantes. Todos podem frequentar o curso de idiomas na mesma escola, mas em turmas diferentes. As crianças já são aceitas nos programas a partir dos 8 anos. As horas de passeio são aproveitadas em conjunto, assim como tarefas cotidianas, como a ida ao mercado, que se torna um outro jeito de aprender.

 

Em média, as famílias optam por 30 dias de estudo no exterior. Mas há opções de duas semanas em diante (leia mais abaixo). Um curso de um mês no Canadá, por exemplo, para quatro pessoas com passagem aérea e acomodação incluídas sai por cerca de R$ 20 mil. As escolas costumam dar dicas de atividades com descontos, como indicação de dias com entrada gratuita em museus ou locais em que crianças não pagam, o que ajuda no custo-benefício.

 

O sonho de conhecer Paris da aposentada Eneida Catanho Vargas Ramos, 57 anos, foi realizado na companhia da filha, a universitária Larissa, 23 anos. Elas estudavam francês na mesma escola há dois anos. Desde o princípio mãe e filha tinham a ideia de fazerem juntas o intercâmbio na França. Ao procurarem a agência, souberam que muita gente também vivia esse mesmo momento em família. Animaram-se ainda mais.

 

“Temos uma relação boa, de amigas. Eu me senti mais segura na companhia da minha filha e até rejuvenesci”, diz Eneida. “Foi vencer um desafio e um exercício ótimo para a mente. Espero repetir a experiência em breve.”

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A jovem, aluna de comércio exterior e que antes já havia participado de intercâmbios no Canadá, Inglaterra e Argentina, afirma que ao estudar em outro país se conhece melhor a cultura do local. E como gosta de estudar com a mãe, a viagem ficou mais interessante. “Fui exigente na viagem. Não deixava a gente falar em português, não”, afirma Larissa. Ela e a mãe dividiram um quarto numa casa de família.

 

A desvantagem dessa viagem entre pais e filhos seria justamente o risco de falar português mais do que seria recomendado, prejudicando o desempenho nos estudos. Tem que ser determinado, como Eneida e Larissa.

 

“Ainda assim não acredito que o impacto de falar português entre si seja tão grande. Eles estarão falando em outro idioma seis, oito horas por dia. O raciocínio é no novo idioma. Não prejudica a imersão”, diz Albuquerque.

 

Os destinos mais procurados para a experiência em família são Estados Unidos - em especial Nova York, Flórida e Califórnia -, pelos preços atrativos; Canadá, também com valores acessíveis e povo amigável; e Inglaterra, onde a moeda local, a libra, nunca esteve tão barata. A escolha pela Europa traz como vantagem a chance de se visitar vários países.

 

ESTUDOS PARA PAIS E FILHOS

 

Londres (Inglaterra): quatro semanas com 20 aulas semanais, acomodação em casa de família, meia pensão. A partir de 2 mil libras (ou R$ 5.443) adulto e 1.637 libras (R$ 4.455) crianças entre 7 e 13 anos. Central de Intercâmbio

 

San Diego (EUA): três semanas com 20 aulas cada, acomodação em casa de família, meia pensão. A partir de US$ 1.885 (R$ 3.248) adulto e US$ 3.453 (R$ 5.951) crianças de 7 a 13 anos, incluindo prática de esportes e atividades de lazer. Central de Intercâmbio

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Paris (França): duas semanas com 20 aulas cada para o casal e um filho (acima de 16 anos), com acomodação em casa de família. Inclui café da manhã, material didático e taxas da escola. A partir de e 3.543 (R$ 8 mil). Passagem aérea por pessoa: US$ 861 (R$ 1.483). IE Intercâmbio

 

Vancouver (Canadá): quatro semanas com 20 aulas em cada uma delas, acomodação em casa de família com café da manhã, para os pais com dois filhos. 7.448 dólares canadenses (R$ 12.879). Passagem aérea por pessoa: US$ 940 (R$ 1.619). IE Intercâmbio

 

Nova York (EUA): quatro semanas de curso com 20 aulas cada, acomodação em casa de família com café da manhã, incluindo taxas da escola para os pais com um filho. US$ 6.354 (R$ 10.937) Passagem aérea por pessoa: US$ 914 (R$ 1.573). IE Intercâmbio

 

Auckland (Nova Zelândia): quatro semanas, com 25 aulas cada, acomodação em casa de família com meia pensão. Para adultos, 2.850 dólares neozelandeses (R$ 4.089). Para adolescentes entre 14 e 17 anos o valor fica 3.490 dólares neozelandeses (R$ 5 mil), incluindo prática de esportes e atividades de lazer. STB

 

* Câmbio do dia 16 de fevereiro

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