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Primeiro dia do Enem tem poucos transtornos

MEC promete eliminar candidatos que divulgam fotos na internet; Ciências da Natureza foi considerado mais difícil

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Por Redação
Atualização:

Após o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao menos 21 candidatos podem ser eliminados por causa da publicação de imagens da prova em redes sociais durante o tempo de realização do exame. A  maioria das imagens foi postada em páginas do Instagram, mostrando a folha de respostas. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), esses candidatos serão desclassificados, sem direito a recurso. Ano passado, 65 candidatos receberam a mesma punição por causa da publicação de imagens na internet.

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Autores de pelo menos duas fotos que surgiram nas redes na tarde deste sábado desmentiram que as imagens eram deste ano. O Ministério da Educação (MEC) divulga balanço na tarde deste sábado, que consolidará o número de eliminados.

Na Uerj, três candidatos podem ser eliminados porque deixaram a sala de aplicação antes do prazo mínimo de duas horas após o início, estipulado no edital. Segundo o MEC, o aplicador deve alertar sobre o tempo mínimo da prova e o candidato deve assinar um termo de eliminação, mostrando que tem consciência de que está saindo antes do horário permitido.

O primeiro dia de exame contou com dois blocos de questões: Ciências Humanas, que reúne o conteúdo de história e geografia, e Ciências da Natureza, que traz questões de física, química e biologia. No domingo, dia 27, os participantes farão as provas de Matemática, Linguagens e a redação.

Dificuldade. Várias questões de direitos humanos marcaram essa edição. Houve questões envolvendo escravatura, direito das mulheres no Brasil, racismo e direito dos gays nos Estados Unidos, segregação racial na África do Sul e luta por terras e melhores condições de vida. Temas esperados, como as manifestações no Brasil e a visita do papa, não foram abordados. A prova utilizou charges, música e filmes e, questões que exigiam mais interpretação de texto.

O bloco de Ciências da Natureza foi considerado o mais difícil, segundo a maioria dos estudantes. Após realizar o Enem na Uninove Barra Funda, zona oeste de São Paulo, a operadora de telemarketing Amanda Souza, de 19 anos, disse que a prova foi tranquila e saiu rápido pois não teve paciência para ficar dentro da sala. "Caiu muito conteúdo de Física e isso para mim foi difícil", afirmou. A massoterapeuta Cláudia Costa, de 35 anos, considerou a prova foi muito difícil, com várias questões sobre história e revoluções.

Para Nycollas de Faria, de 16 anos, o primeiro dia de prova não foi difícil. “A parte mais complicada foi a de História, que envolveu questões de filosofia e sociologia”, conta o candidato. Ele disse que dois dos principais temas tratados na prova de Ciências Humanas foram imigração e xenofobia, mas não houve referência ao programa Mais Médicos.

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Empecilhos. O trânsito foi um problema recorrente para os candidatos em várias cidades do país. Em São Paulo, o casal Lauro e Valéria Nogueira, com dois filhos candidatos no exame, teve de encarar o trânsito nas imediações de dois locais de prova. “Deixamos nossa filha mais nova, Bárbara, na Vila Mariana e depois viemos para a Unip Paraíso trazer o mais velho, Luiz Flipe”, conta Nogueira de 43 anos.

Os engarrafamentos foram a justificativa para muitos estudantes que perderam o horário de entrada da prova. Thainá Cristina Ramos, de 17 anos, estava a poucos metros da UNIP Paraíso quando os portões se fecharam, às 13 horas.  “Além de sair atrasada, peguei um trânsito horrível”, admitiu a adolescente. Fazendo a prova no mesmo local, Evelyn Lima, de 18 anos, estudante do 3º ano, teve a mesma infelicidade. Ela saiu de Pirituba de ônibus, saiu correndo do ponto até o local de prova, mas não conseguiu entrar. "Saí 12h15 de casa e nunca tinha vindo até aqui. Mas peguei muito trânsito no caminho."

Em Sorocaba, o trânsito congestionado também marcou o início das provas. A estudante Juliana Stocco, de 17 anos, que fazia o exame pela segunda vez, chegou correndo ao prédio da Organização Sorocabana de Ensino (OSE) na região central da cidade. "Estou atrasada, desculpe, peguei muito trânsito", disse, correndo para o portão.  No mesmo local a estudante Mariana Gomes, de 19 anos, afirmou ter receio de que o longo tempo de prova a prejudicasse. “O cansaço é o maior desafio, é muito pesado, e com esse calor fica ainda pior”, disse ela. A estudante se preparou com frutas e uma garrafa de um litro de água. 

Em Recife, Heloise Mendes perdeu o Enem por cinco minutos. Seria sua quarta tentativa. Ela mora no Totó, um bairro da periferia, e foi de carro. Saíram de casa às 11 horas. “Pegamos muito trânsito”, justificou ela. Os três perderam a prova. Heloise não demonstrou angústia e disse que como estava doente, tinha pensado até em não ir.

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Clima. As altas temperaturas causaram desconforto e foram responsáveis até por atendimentos médicos. Na Uniban da Vila Maria, zona norte de São Paulo, dois participantes passaram mal por causa do calor e ansiedade. Elas não precisaram ser removidas, apenas foram atendidas e voltaram para a sala. Na Unip de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, antes da abertura dos portões, muitos participantes do Enem estavam do outro lado da rua, onde havia sombra. “O calor é bom porque vou sair corado da prova, com cara de saúde”, brincou Michel Gretschischkin, de 17 anos.

A chuva atrapalhou os participantes no Rio Grande do Sul. No Instituto de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre, dez candidatos chegaram depois das 13h e tiveram que ficar de fora. “Um cabo de luz caiu e o trânsito estava trancado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação. Liberaram agora há pouco”, reclamou a cabeleireira Simone Amorim da Silva, de 38. “Me preparei, fiz curso. Esse seria meu segundo Enem. Vou esperar o próximo, não tenho outra alternativa.”

Samuel Cristóvão, de 34, também se prejudicou. Depois de deixar a mulher em um colégio, na zona norte, para fazer a prova, o funcionário público foi até a região central da cidade. “Peguei trânsito e não consegui chegar”, comenta o candidato, que pretende cursar análise de sistemas.

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Além do rompimento de um cabo de energia na avenida Protásio Alves, um carro estragado na avenida Ipiranga também trouxe transtorno para quem se dirigia aos locais de prova.

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