PRIMEIRA IMPRESSÃO

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Por Agencia Estado
Atualização:

Numa antiga favela assolada pela violência, pouco antes do início das aulas, começava a ruidosa marcha dos alunos mais velhos para as aulas do período noturno. Os portões foram trancados, após o ruído ensurdecedor de uma sirene, como as das prisões. O prédio, apesar de limpo e bem mantido, é sombrio. As paredes do corredor que conduz ao gabinete do diretor são de blocos de cimento caiados. Os pisos e paredes dos banheiros da escola, o piso do palco e os bancos existentes em torno do salão são de concreto liso. Nas áreas públicas não há nenhuma peça de mobília que não seja fixa. As janelas altas, de vidro espesso, estavam abertas, deixando entrar o ruído do tráfego e dos fogos de artifício e buzinas com os quais se comemorava na rua os jogos da Copa do Mundo. Não há paredes pichadas, pois essa é uma escola respeitada pela comunidade. Essa escola dá ênfase ao trabalho de equipe e à auto-estima, com resultados meritórios nessa área. Na sala da diretoria, decorada com troféus, há uma proposta de currículo e gráficos de avaliação de alunos, nas paredes. As salas de aula estavam quase lotadas. O número de alunos - jovens adultos e adolescentes - chega a ser de 50 por sala. Não vimos livros em nenhuma das salas visitadas. A falta de materiais didáticos era evidente. Na sala de química há bancadas de trabalho, mas só duas pias. Não há armários para utensílios destinados às experiências nem tubulação de gás. Há cinco tripés enfileirados, mas não há nenhum bico de Bunsen para ser colocado embaixo nem tubos de ensaio para colocar em cima desses tripés. As paredes estão decoradas com tabelas periódicas, copiadas à mão e coloridas pelos alunos. Nada mais. Uma dúzia de PCs, numa sala de computadores, estava desligada e trancada. "Estamos repondo os computadores; todos os anteriores foram roubados", disseram-nos. A biblioteca era do tamanho de um closet, com um metro de livros infantis e enciclopédias, do início do século 20, nas estantes. No chão, três caixas de livros fornecidos pelo governo estavam à espera de alguém para separá-los e instalar mais prateleiras. Veja os principais pontos da análise: PRIMEIRA IMPRESSÃO APRENDIZAGEM MATERIAIS DIDÁTICOS ORGANIZAÇÃO DAS ESCOLAS SUPERVISÃO ESCOLAR MERENDA RECURSOS FINANCEIROS FUTURO Leia também: Itaquaquecetuba tem escola exemplar Um ensino que tem muito a aprender Especialista inglesa analisa escola pública brasileira Jane Wreford Jane Wreford dirige a inspeção das autoridades escolares locais para a Comissão de Auditoria da Inglaterra

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