Presidente da WorldSkills diz que ensino profissionalizante enfrenta preconceito

Na Suíça, 80% dos jovens não vão para universidades, afirma Tjerk Dusseldorp

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Por Mariana Mandelli
Atualização:

LONDRES - Tjerk Dusseldorp, presidente da WorldSkills, evento mundial de ensino profissionalizante que nesta edição reúne 51 países, afirma que existe preconceito com essa modalidade de ensino por parte da sociedade.

 

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Segundo ele, parte desse problema se deve à opinião dos pais, que pensam que é melhor para os filhos irem para a universidade, mesmo com dívidas e tendo que trabalhar para pagar o curso.“Não quero dizer que o jovem não tem que pensar em fazer um curso superior - ele pode começar desenvolvendo algumas habilidades com um aprendizado mais técnico para ganhar dinheiro e, depois, continuar estudando”, explica.

 

“A Suíça, que é uma referência no tema, 80% dos jovens não vão para universidades, mas sim para cursos superiores de educação profissional em instituições locais”, afirma.

 

De acordo com Dusseldorp, as famíliam acham que colocar o filho em um curso técnico significa que eles vão estagnar profissionalmente, ganhar pouco e nunca vão usar terno e gravata. “Nada impede isso”, opina.

 

Crise

 

Ele destaca a situação da Espanha, que, por conta da atual crise econômica, tem, de acordo com ele, 40% de seus jovens desempregados. “Grande parte deles tem uma formação superior tradicional e procura trabalho em empresas, enquanto faltam profissionais que façam serviços de eletricista na cada das pessoas.”

 

Segundo Dusseldorp, a relação entre o desenvolvimento das habilidades profissionais da população e a economia de um país são muito fortes. “Sem habilidades não há economia. Quanto mais (habilidades) um país tiver, maior será sua economia”, afirma Dusseldorp. “Por exemplo: Suíça, Alemanha, Coreia e Japão são países com recursos naturais limitados, mas que possuem uma população talentosa com grandes habilidades profissionais. Agora veja a Austrália: país grande, muitos recursos naturais e boa capacidade profissional. Mas, se você tirar os recursos naturais, ela se torna uma economiam muito mais pobre.”

 

Para  Dusseldorp, o Brasil, que tem um grande território e abundantes recursos naturais, ainda está desenvolvendo suas capacidades profissionalizantes. “O futuro aponta para uma economia mais próspera e é por isso que o Brasil, aqui na competição, está entre os cinco melhores. Logo estará na frente da Coreia.”

 

*A repórter viajou a convite do Senai/CNI

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