SÃO PAULO - A violência contra professores grevistas no Paraná e a paralisação na rede estadual de São Paulo não preocupam apenas os governadores Beto Richa e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. Prefeituras das 39 cidades da Grande São Paulo, incluindo a capital, temem que esses movimentos insuflem as categorias municipais e resultem em greve, principalmente em um ano de crise financeira.
O assunto foi discutido no fim do mês passado em reunião da Câmara Temática de Educação da Região Metropolitana de São Paulo - o órgão reúne secretários municipais e também o titular da pasta no Estado. A greve na rede estadual é a que mais preocupa. “Prefeitos de outras cidades esperam que a greve no Estado acabe logo, porque é evidente que começa a contaminar as outras redes”, diz o secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, que preside a Câmara Temática.
A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, ressalta que a preocupação com greves municipais se espalha pelo País. “A arrecadação caiu e, ao contrário de Estados, estamos em uma fase final da gestão, de entrega de resultados”, diz ela, que é secretária em São Bernardo do Campo.
Antecipação. Depois de enfrentar duas greves longas nos dois primeiros anos de mandato, a gestão Fernando Haddad (PT) apresentou proposta de aumento antes de haver um movimento grevista. Nos anos anteriores, a Prefeitura havia apostado que o pagamento de incorporações seriam suficientes.
A capital ofereceu 10% de aumento em forma de abono, a serem pagos em outubro e incorporados em 2017. A incorporação de 5,5% neste mês, conquistados após greve de 2014, está garantida, bem como outras duas no próximo ano. “O ano é difícil, mas queremos garantir a valorização”, diz Chalita.
Para se aproximar da rede, o secretário tem tido agenda cheia, com inaugurações com o prefeito e eventos com professores no Teatro Municipal. Chalita passou a seu chefe de gabinete, no fim de março, uma série de atribuições para ganhar mais liberdade de percorrer a cidade.
Claudio Fonseca, presidente do Sinpeem, principal sindicato da categoria, diz que negocia a proposta, mas discorda dela. “A incorporação deve ser até 2016, não no outro mandato.”