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'Pode haver sensibilização', diz estudante surdo sobre tema da prova do Enem

Deficiente auditivo, Caique José Carvalho da Silva, 18 anos, é aluno do cursinho Pré-Vestibular Libras na Ciência e fez a prova no domingo, 5

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:
Mais de 6,7 milhões de brasileiros estão inscritos para participar da edição deste ano do Enem. Na foto, alunos se concentram na Unip Vergueiro, na zona sul de São Paulo Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO

SÃO PAULO - Deficiente auditivo, Caique José Carvalho da Silva, 18 anos, é aluno do cursinho Pré-Vestibular Libras na Ciência, do professor Rafael Dias Silva. Ele deu um pequeno depoimento sobre o tema da Redação do Enem deste ano: os desafios para a educação de surdos no Brasil.

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"Achei importante falar do assunto na Redação, pois os surdos sofrem muito bullying, e nós temos a capacidade de aprender como todos os outros. Acredito que, com o tema no Enem, pode haver uma sensibilização, e isso pode levar a mais acessibilidade para os surdos na sociedade. Para mim, o vestibular costuma ser complicado porque tenho algumas dificuldades em Português. Para me preparar para a prova, o apoio da minha escola foi muito importante, assim como do cursinho pré-vestibular, porque tive a oportunidade de rever os conteúdos de todas as matérias com professores bilíngues."

Dificuldades

O tema da Redação foi considerado atípico e pouco trabalhado ao longo do ano, mas desafiador, segundo professores ouvidos pelo Estado.

“É um tema muito específico”, diz a coordenadora de Redação do curso Poliedro, Gabriela Carvalho. “Não é um tema do cotidiano. Não sabemos como a pessoa surda se sente, não sabemos como é o processo de exclusão pelo qual ela passa”, diz. Para ela, a coletânea de textos que acompanhou a proposta da Redação deixou a desejar. “Estava muito pobre, com poucas informações.”

O professor de Português André Valente, do Cursinho da Poli, destaca que a escolha dos organizadores segue uma tendência de discutir temas relacionados a minorias. “É um tema que veio mostrar que não dá para tratar direitos humanos como algo ideológico no sentido partidário da palavra”, diz Valente. “O Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão organizador do exame) aponta, mais uma vez, que o jovem que presta o vestibular precisa discutir esses temas.”

O desafio, dizem os especialistas, é que o candidato deveria apontar uma proposta de intervenção objetiva, que não fugisse do tema proposto. “Pode contar pontos sugerir uma iniciativa de cotas e a ampliação do sistema de libras nas universidades. O aluno também pode reforçar a necessidade do poder público atuar mais efetivamente e da sociedade cobrar mudanças”, diz a professora Maria Aparecida Custódio, do Laboratório de Redação do Objetivo.

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