A pós-graduação está estudando estratégias que sejam eficientes para a troca de conhecimento e a construção do saber entre as diversas disciplinas das ciências, a chamada interdisciplinaridade. ?A interdisciplinaridade traz, por excelência, uma visão de parceria, uma vez que não é possível desenvolvê-la ou praticá-la sem diálogo?, disse Arlindo Philippi Júnior, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), no encontro Interdisciplinaridade na Pós-Graduação Brasileira, realizado na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que termina nesta sexta-feira, em Florianópolis. Apesar de a prática interdisciplinar não ser nova, debates sobre direcionamento e intensificação na pós-graduação, segundo especialistas, têm surgido da necessidade de tratar temas que envolvam mais de uma ciência, como a questão ambiental ou a saúde pública. Para Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que se dedica à questão amazônica, pesquisas sobre grandes dilemas do planeta, entre os quais a segurança energética ou o aquecimento global, só avançarão a partir de abordagens que agreguem múltiplas ciências. Mas, por mais paradoxal que possa parecer, a interdisciplinaridade exige que sejam tratadas as diferentes áreas do conhecimento com especificidade. ?Ela existirá inserida nos campos do saber. Por exemplo, a interdisciplinaridade na química, na história e assim por diante?, afirmou Philippi. Segundo o pesquisador da USP, é preciso destacar que praticar a interdisciplinaridade e atuar com ela exige um esforço de se abandonar o conforto disciplinar, no qual o pesquisador tem o domínio do ?saber fazer?. ?Precisamos pensar de que maneira enfrentaremos a ?disputa? de espaço com os colegas de outras disciplinas. Nisso também será preciso uma boa dose de coragem para desafiar as escalas de poder na área científica?, disse Philippi.