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Parceria leva jovens cineastas para exibir produções na França

Além da troca cultural com estudantes de todo o mundo, ideia é aprofundar o saber e promover a interação

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - Eles ainda nem finalizaram o ensino fundamental, mas já têm responsabilidades de um profissional. Alunos de 5.º e 8.º ano do Colégio Carlitos, em Higienópolis, região central, não produzem apenas um curta. A escola criou, desde 2011, o projeto Aprendiz de Cinema, que leva os estudantes a elaborar o filme e depois apresentá-lo em Paris, por meio de uma parceria com a Cinemateca Francesa.

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A ideia, além da troca cultural com estudantes de todo o mundo, é aprofundar o conhecimento da sétima arte e promover a interação entre os estudantes, além da interdisciplinaridade. 

“Nossa escola é um lugar de formação também dentro do cinema, não só das outras artes”, explicou o cineasta e professor Paulo Pastorelo. O trabalho se divide em teoria e prática: os alunos vão ao cinema três vezes ao ano acompanhados da escola e depois fazem trabalhos de análise, não só da narrativa, mas de todo o processo de criação do filme. Só depois começam a produção.

Estudantes foram até Paris para apresentar curta; projeto visa não só aprofundar o conhecimento em cinema, mas promover interação entre alunos Foto: Divulgação/Colégio Carlitos

O processo tem início em outubro, para seguir o calendário europeu, e a apresentação é em junho do ano seguinte. Antes da exibição final, há um encontro entre os professores das unidades para definir alguns parâmetros em comum na produção dos curtas. 

Argumento. A cada ano um novo tema é proposto pela Cinemateca Francesa. Após uma série de exercícios e exibições de filmes, cada aluno tem de produzir o próprio argumento para o curta. O tema da última edição exigia que a história fosse construída sobre um personagem que “desejasse” algo em uma cena, mas estivesse excluído daquele meio. 

Aos 10 anos, a estudante Lígia Amaral teve a primeira experiência como diretora de cinema. “Você pensa na posição das câmeras, dos atores, em como quer contar a história”, explicou. Após ouvir diversas opções, ela e seu grupo optaram pela narrativa de uma paixão não correspondida de um aluno por sua colega, em uma excursão. “O mais difícil foi escolher onde filmar as cenas. Às vezes tem muito sol, muito vento. Tem lugar muito apertado, como quando filmamos dentro de um ônibus”, contou a estudante.

Thiago dos Santos Sanches, também de 10 anos, teve a primeira experiência como roteirista e ator. “Antes eu só gostava de assistir aos filmes, mas agora, com toda essa produção, comecei a me interessar pela filmagem e com tudo que tem por trás do trabalho.”

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Ele foi um dos que participaram da viagem a Paris. “Aprendi um pouco da cultura deles. Tinha gente de Cuba, da Alemanha e de Portugal”, explicou. Pela facilidade com o idioma, a amizade com os portugueses foi o caminho mais óbvio. “Mas tentamos falar em inglês também, já que fazemos aula na escola.” 

Para Pastorelo, o diferencial do Carlitos é avançar em relação ao básico do audiovisual, com técnicas de cinema. “Vai além da comunicação. Estamos ligando com sentimentos, é outra coisa. Cinema não é só contar uma história. A sensibilidade deles é aguçada ao longo do projeto”, disse. Outra vantagem é a sintonia. “Nós exigimos que tenha uma dinâmica de grupo constante”. 

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