Para idealizador do Provão, universidades ruins venceram

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

?Esse novo sistema é a vitória das universidades privadas sem qualidade.? Sem medir palavras para criticar a nova avaliação do ensino superior, o ex-ministro da Educação e idealizador do Provão, Paulo Renato Souza, acredita que o País vai sofrer um retrocesso, que o governo jogará dinheiro fora avaliando os primeiros anos e que o sorteio dos alunos pode sofrer manipulação. Estado - O que o antigo Provão tinha de bom e de ruim? Paulo Renato Souza - O exame anterior podia ter um ou outro defeito que estávamos corrigindo ao longo de sua aplicação, mas ele trouxe um benefício maior do que todo o resto: a melhoria da qualidade do ensino superior mesmo com a ampliação da rede. Estado - Mas o MEC do novo governo suspendeu a abertura de novos cursos justamente por causa dessa expansão... Paulo Renato - Esse foi um erro absurdo porque o Provão mostra que os novos cursos são justamente os que recebem melhores conceitos. Mas foi por isso que o exame acabou. O lobby de universidades privadas antigas, que não querem investir na qualidade do ensino e têm medo da concorrência, venceu. Agora, temos de estar preparados para o retrocesso. Estado - O novo sistema irá avaliar o conhecimento agregado, aquilo que o aluno aprendeu entre o primeiro e o último ano. Isto não é um avanço? Paulo Renato - De forma alguma porque o conhecimento agregado poderia ser medido usando-se o resultado do Enem, que é aplicado quando o aluno termina o ensino médio. Com essa prova no primeiro ano, o governo vai estar apenas jogando dinheiro fora. Estado - Mas não haverá uma economia pelo fato do novo exame ser por amostragem? Paulo Renato - Não, porque a amostragem tem de ser grande ser representativa. Além disso, amostragem é um erro porque dá sempre margem para as instituições dizerem que tiveram azar e apenas os alunos menos preparados foram sorteados. Estado - O senhor acredita que pode haver manipulação no sorteio? Paulo Renato -É sempre possível. Estado - O fato de nenhum curso ter sido fechado por causa do exame pode ter ajudado a derrubá-lo? Paulo Renato - O objetivo não era fechar curso, mas melhorar a qualidade e isso estava ocorrendo. Estado - E como é não ver mais o Provão sendo realizado em junho? Paulo Renato - É como não ter mais um filho. Fico triste porque é o ensino que sai perdendo. leia também Novo Provão estréia em novembro, com sorteio de alunos Curso e instituição também serão avaliados Universidades ?nota E? respiram aliviadas Ex-reitor critica indicadores; UNE aplaude

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.