Para 51% da população, educação no Brasil não melhorou

A região Sudeste registrou o maior porcentual de avaliações negativas; 36,1% acreditam que a educação piorou

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Por Agência Brasil
Atualização:

BRASÍLIA - Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que para quase metade (48,7%) dos brasileiros a educação no país melhorou. Entretanto, dos 2.773 entrevistados, 27,3% avaliam que não houve mudanças na qualidade do ensino e quase um quarto (24,2%) acredita que o sistema piorou.

 

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O Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) foi desenvolvido pelo Ipea para captar a opinião da população sobre políticas e serviços públicos em diversas áreas. O estudo mostra que essa percepção varia muito em cada região do país. O Sudeste registrou o maior porcentual de avaliações negativas: 36,1% acreditam que a educação piorou, enquanto no Nordeste esse grupo representa apenas 14% da população. No Centro-Oeste, 62,9% acham que a oferta melhorou - maior índice de respostas positivas.

 

De acordo com o Ipea, o maior índice de percepção de melhoria nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e no Norte, e o menor índice no Sul e no Sudeste "podem ser uma evidência de que foram ampliados os investimentos nas três primeiras regiões, já que é justamente lá onde se encontram os piores indicadores educacionais do país".

 

A percepção sobre a qualidade da educação também varia de acordo com a renda e a escolaridade dos entrevistados. Para 35,4% dos que têm nível superior completo ou pós-graduação, a educação piorou. No grupo daqueles que estudaram só até os últimos anos do ensino fundamental (5ª a 8ª série ou 6º a 9º ano), apenas 21,4% têm a mesma opinião.

 

Entre os que ganham de dez a 20 salários mínimos, verificou-se o maior porcentual de respostas negativas: 34,2% acreditam que o ensino está pior. Na população com renda mensal de até dois salários mínimos, 19,3% têm essa percepção.

 

Segundo o estudo, "o nível de conhecimento das mulheres sobre os temas avaliados foi aproximadamente 10 pontos percentuais maior que o verificado entre os homens". Essa diferença, aponta o Ipea, pode ser explicada "pelo fato de as mães estarem mais atentas à vida escolar dos filhos" do que outros membros da família.

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Prouni. Para 73,4% da população, o Programa Universidade para Todos (ProUni), que distribui bolsas para alunos de baixa renda em instituições particulares de ensino superior, deveria ser ampliado. Entre os programas e ações que foram avaliados pela pesquisa, o ProUni foi o que apresentou “maior visibilidade social”, segundo o Ipea. Mais de 60% dos entrevistados afirmaram conhecer o programa, sendo que 80% deles não eram bolsistas nem parentes ou amigos de alunos beneficiados pelo programa.

 

Criado em 2005, o ProUni atendeu até o fim do ano passado 748.788 bolsistas. Para o primeiro semestre de 2011, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar uma das 123 mil bolsas ofertadas. Do total de entrevistados pelo instituto, 84,2% consideraram a quantidade de vagas insuficiente (muito pouca e pouca). Para 73,4%, o programa deve ser ampliado e para 24% mantido no formato atual.

 

A maior parte (40%) acredita que os critérios de seleção para receber o benefício são regulares e 27,3% avaliaram o quesito como ruim. Para receber uma bolsa do ProUni, é preciso ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou estabelecimento privado com bolsa integral e participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As bolsas integrais são destinadas aos alunos com renda familiar mensal per capita (por membro da família) de até 1,5 salário mínimo. As parciais, que custeiam 50% da mensalidade, são para os candidatos cuja renda familiar mensal per capita não passe de três salários mínimos.

 

As instituições que participam do ProUni recebem isenção fiscal em troca dos benefícios ofertados. Para 37,7% dos brasileiros, esse formato deve ser mantido, enquanto 16,3% avaliam que a isenção deve ser extinta e 18,6% defende uma redução desse benefício fiscal.

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