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Pais apóiam escolas ameaçadas pelo MP

Muitos acreditam que a falta de documentação não compromete a atenção que seus filhos recebem nos colégios particulares de educação infantil

Por Agencia Estado
Atualização:

Muitos pais ficaram surpresos na quinta-feira ao descobrir que o colégio em que seus filhos estudam está irregular. A lista com 270 escolas particulares de educação infantil sem autorização de funcionamento foi divulgada pelo Ministério Público Estadual (MP), que promete fechar todas as que não apresentarem a regularização em 30 dias. A descoberta, no entanto, não foi suficiente para que os pais decidissem trocar as crianças de escola. Mãe de Julinho, de 3 anos, Iara Lúcia Pontes, de 36, não sabia que a Joana Sapeca, onde o menino estuda, não tinha a autorização. "É claro que um colégio precisa estar regularizado, mas tenho uma farmácia e sei o quanto é difícil conseguir toda a documentação necessária na Prefeitura", conta. "Além disso, acho que o mais importante é qualidade do trabalho." Iara garante que está contente com a escola e que não tirará Julinho de lá. "Eles fazem um trabalho excelente e estou 100% satisfeita", diz. "Já faz um ano que ele estuda na Joana Sapeca e nunca tive nenhum problema." Iraídes Conceição, de 39 anos, que tem Alan, de 3 anos, no mesmo colégio, compartilha a opinião. "A falta do alvará de funcionamento não me preocupa", afirma. "Sei que eles estão providenciando a documentação e, para mim, o que vale mesmo é a atenção que a escola dá ao meu filho." Ela conta que gosta da escola porque Alan recebe um acompanhamento individual. "Tenho plena confiança em toda equipe, os professores são excelentes e acho que é melhor uma boa escola sem a autorização do que uma autorizada que trate a criança apenas como mais um número." A diretora da Joana Sapeca, Maria Lúcia Fernandes Dagostino, explica que há cinco anos, desde que abriu o colégio, tenta conseguir a documentação na Prefeitura. "Agora estamos na fase do alvará de funcionamento", conta. "Fizemos todas as modificações pedidas, passamos pelas vistorias dos Bombeiros e entramos com o processo. Daí exigiram a mudança de uso do imóvel e tivemos de contratar um arquiteto para fazer uma nova planta. Só nessa fase gastamos mais um ano." Com a planta em mãos, Maria Lucia esperou cinco meses para a vistoria de um engenheiro e, agora, aguarda as decisões da subprefeitura e da delegacia de ensino. "Abrir uma escola na cidade é uma aventura. Estou de mãos atadas porque tudo depende da Prefeitura." Ela conta que irá pessoalmente ao MP se explicar. "É claro que não gosto de trabalhar ilegalmente, mas estou em uma via-crúcis e ninguém nem me explica por que minha autorização não sai. Só espero que os pais entendam." Diretora da Escola Rabicó, Vera Regina Maria também está torcendo para que a lista não confunda os pais de seus alunos. "Estamos mudando a escola de local e de nome, ela se chamará Carpe Diem e, nessa transição, estamos aguardando a transferência da autorização." Vera afirma que a Rabicó tinha autorização e que agora está esperando a visita de engenheiros para colocar a documentação da Carpe Diem em ordem. "Trabalhar legalmente é muito difícil e eu espero que a Prefeitura colabore." Mãe de Jonas, de 4 anos, que estuda na Rabicó, Sandra Silva Bastos, de 31, acha importante que a escola consiga o registro. "Essa é uma segurança a mais para os pais, mas também não acho que a qualidade da escola fique comprometida por causa da burocracia." Ela diz que sempre acompanhou o trabalho do colégio. "Sei como é a alimentação, a higiene e o trabalho pedagógico." Há três anos, quando escolheu o colégio, Sandra lembra que se preocupou com os professores, com as instalações, mas não pediu a documentação. "Não temos esse hábito. São tantos itens para levar em consideração que a gente sempre acha que a escola é legalizada." Alice Cardoso Ferreira, de 34 anos, também não se lembrou de pedir o alvará para ver se a escola de Olga, de 3 anos, estava regularizada. "Fiquei desesperada quando vi a lista das escolas e na mesma hora fui atrás da situação do colégio da minha filha", conta. "Graças a Deus descobri que a da lista é uma outra, que tem o mesmo nome. Seria uma frustração ter de mudá-la de escolinha agora."

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