Autor de livros didáticos, o professor Francisco Azevedo de Arruda Sampaio está lançando o livro Com a Palavra, o Autor, no qual faz críticas ao Programa Nacional do Livro Didático. Apesar das contestações, é contra o sistema apostilado.
Como o sr. vê o crescimento da apostila sobre o livro didático?
Preocupante. A gente não sabe como é feita a escolha de um sistema de ensino e apostilas podem não passar por avaliação criteriosa. Como os valores envolvidos são altos, a negociação exige transparência para evitar desvios. Do ponto de vista educacional, como se adota um sistema único, pressupõe-se que a realidade de todas as escolas da cidade seja sempre a mesma.
Há autores de livros que estão escrevendo apostilas. É possível fazer algo da mesma qualidade?
É possível fazer apostilas de boa qualidade. A apostila nada mais é que um livro que você divide por segmentos e faz uma programação de abordagem. Quando você pressupõe um sistema unificado, pressupõe que a realidade de todas as escolas seja a mesma. Propor atividades em uma escola rural é diferente de fazer o mesmo em uma escola de favela.
O livro didático contempla isso?
Contempla da seguinte maneira: a escola rural opta por um livro didático e, dentro do mesmo município, a escola urbana opta por outro. O que se rouba (com apostilas) é a possibilidade de a escola ter seu próprio projeto didático.
Mas o sr. faz críticas ao PNLD.
As críticas que faço são para aprimorá-lo, construtivas. A falha principal do PNLD está na maneira como é feita a avaliação dos livros. Sou a favor da avaliação, mas às vezes os critérios usados não são claros.
É possível o livro didático conviver com as apostilas na aula?
Os dois métodos não se complementam, mas competem.