Com a decisão do Supremo Tribunal Federal de que as cotas raciais para ingresso no ensino superior são constitucionais, a ONG Educafro decidiu reforçar a cobrança por cotas também no programa Ciência sem Fronteiras. A Educafro propõe que 35% das bolsas sejam concedidas para “negros, índios e brancos pobres”.
O presidente da ONG, frei David dos Santos, disse que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reconhece que algo precisa ser feito para garantir a inclusão de negros, índios e brancos pobres no programa, cuja meta é enviar, até 2014, 100 mil universitários brasileiros para estudos no exterior. Os dois se reuniram em Brasília no último dia 20.
“Queremos que o governo decida logo o método de inclusão”, diz frei David. “Não queremos um programa novo com vícios velhos.”
O presidente da Educafro afirmou que a ONG foi convidada pela assessoria da presidente Dilma Rousseff para discutir a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial, criado em 2010. O objetivo, segundo ele, é elaborar métodos de inclusão de negros “em todos os programas federais”.
Frei Davi aposta que o Ciência sem Fronteiras será um dos principais assuntos da pauta. “Se o governo não fizer uma proposta de inclusão decente do povo negro e indígena e de brancos pobres, um grupo da Educafro se acorrentará ainda na sala de reunião e dará início a uma greve de fome.”
No dia 26 de março, militantes da Educafro se acorrentaram em frente ao Palácio do Planalto e fizeram greve de fome para reivindicar principalmente a adoção de cotas no Ciência sem Fronteiras. Na ocasião, o grupo foi atendido em audiência pelo presidente da República em exercício, deputado Marco Maia.
Após a decisão do Supremo, a ONG atualizou a ferramenta que permite a estudantes de todo o País pesquisar as universidades públicas com alguma política de reservas de vagas em seus processos seletivos. A partir desta terça-feira, 1º de maio, no site da entidade (www.educafro.org.br), o vestibulando poderá navegar por um mapa interativo do Brasil. Ao clicar nos Estados, encontrará a lista de instituições que adotam cotas.
Atualmente, 188 universidades reservam vagas de acordo com critérios sociais ou raciais. Eram 129 no levantamento anterior, divulgado em janeiro.
A ferramenta reúne estabelecimentos federais, estaduais e municipais. Também é possível saber o ano de implantação das cotas em cada unidade, como funcionam os sistemas e os atos administrativos que deram origem ao acesso restrito.