'O Pisa é do PT', diz Weintraub para justificar 'tragédia' do Brasil em prova

Ministro da Educação lembrou que avaliação se refere a 2018, atacou os governos petistas e poupou Michel Temer

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Por Felipe Cordeiro
Atualização:

SÃO PAULO - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, atacou e culpou os governos petistas pelo resultado do Brasil que considerou "uma tragédia" no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). "O Pisa é do PT, não do (presidente Jair) Bolsonaro", afirmou Weintraub ao comentar os resultados de 2018 do exame, divulgados nesta terça-feira, 3, pelo Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Integralmente culpa do PT, integralmente culpa dessa doutrinação 'esquerdófila' sem compromisso com o ensino. Quer discutir sexualidade, não quer ensinar (a) ler e escrever", disse o ministro, que poupou a gestão anterior, de Michel Temer (MDB). "Ele ficou pouco tempo. Não dá para culpar o cara. O exame foi feito no começo de 2018. Ele ficou um ano lá, não vou culpar... Ele é culpado de ser vice da (presidente) Dilma (Rousseff). Isso ele é culpado - e de outras coisas também."

Integralmente culpa do PT, integralmente culpa dessa doutrinação 'esquerdófila' sem compromisso com o ensino. Quer discutir sexualidade, não quer ensinar (a) ler e escrever

Abraham Weintraub, ministro da Educação

A nota dos estudantes brasileiros de 15 anos teve uma leve melhora na maior avaliação de educação básica do mundo. No entanto, quatro em cada 10 adolescentes não conseguem identificar a ideia principal de um texto, ler gráficos, resolver problemas com números inteiros, entender um experimento científico simples.

'Esse governo não tem a nada ver com o Pisa', diz o ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Reprodução

Tecnologia em sala de aula e escolas cívico-militares

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"Esse governo não tem nada ver com o Pisa", enfatizou o ministro. "Quando vocês olharem em termos históricos, 2019 vai ser o ponto de inflexão."

Para Weintraub, um das soluções para melhorar o desempenho dos estudantes brasileiros é investir em tecnologia nas escolas e substituir o material didático.

"Os antigos não funcionam. A prova está no Pisa de 2018", disse. "A gente começa a mudar isso com livro didático, com técnicas diferentes, com métodos diferentes, que foram feitos, apresentados e discutidos, começaremos a implantar isso no Brasil inteiro."

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Weintraub afirmou que o Ministério da Educação (MEC) teve acesso a dados que mostram que as notas dos colégios cívico-militares estão acima da média da OCDE e defendeu o modelo, uma das bandeiras da área de educação do governo Bolsonaro.

"Na média, é uma tragédia, mas, quando a gente olha as escolas militares e cívico-militares já existentes, o Brasil está acima da média da OCDE."

Pisa

Os resultados do Pisa foram divulgados nesta terça pela OCDE, em Paris. Participaram da prova, aplicada em 2018, 600 mil estudantes em 79 países. O exame é feito desde 2000, a cada três anos, com nações membros da OCDE e convidados, como é o caso do Brasil.

A China, representada por quatro províncias, ficou em primeiro lugar dos rankings mundiais das três áreas avaliadas - Leitura, Matemática e Ciência. Nesta edição, o foco foi em Leitura.

PT

O ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante rebateu as críticas do atual titular da pasta e defendeu as gestões petistas.

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"Mais uma vez, ao invés de procurar fazer uma análise aprofundada e apresentar propostas concretas para a melhoria da qualidade da educação brasileira, o governo Bolsonaro prefere justificar a tragédia que está em curso na educação com respostas evasivas e uma guerra ideológica obscurantista", afirmou, em nota, Mercadante, que esteve à frente do MEC em duas ocasiões durante o governo de Dilma Rousseff.

Segundo Mercadante, os governos petistas "patrocinaram uma extraordinária inclusão educacional".

"Em 2002, 36,9% da população tinham concluído o ensino fundamental, em 2015, atingimos 54,45%, o que reforça que ainda temos um imenso desafio na inclusão escolar. Entre os 5% mais pobres, apenas 6,8% tinham o ensino fundamental, em 2015, eram 30,3%", declarou.

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