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O momento certo para cada tipo de MBA

Em entrevista ao Estadão.edu, Anne Nemer, Universidade de Pittsburgh, diz que, antes de fazer escolhas, é preciso traçar um plano de carreira

Por Tai Nalon
Atualização:

Há um perfil profissional e um momento certo para cada tipo de MBA. A diretora do Centro de Educação Executiva da Universidade de Pittsburgh, Anne Nemer, diz que, antes de fazer escolhas, é preciso traçar um plano de carreira. À frente da 53ª colocada no ranking mundial de escolas de MBA do Financial Times, ela seleciona todo ano executivos para os cursos. Leia abaixo a entrevista com Anne Nemer.   Quem deve fazer e quando deve ser feito um MBA? Dentro do mundo do MBA temos programas diferentes para públicos específicos. Existem programas certos para pessoas certas. Você tem no início da carreira um papel mais técnico, mais tático. Durante a carreira, a pessoa vai abrindo um pouco mais a perspectiva. O MBA Executivo entra no momento da pessoa que está abrindo essa perspectiva, procurando um papel mais estratégico, de liderança, de motivação, de tomada de decisões. O perfil do MBA Executivo é de gente com ao menos sete anos de carreira profissional. Tem uma época na carreira que as pessoas precisam de especialização, comumente chamado aqui no Brasil de MBA também. Esses cursos de especialização têm um papel muito importante para quem está começando. Para quem já é experiente e quer ter um papel maior, de mais impacto, é fundamental que a pessoa tenha uma visão mais generalista, mais ampla sobre as coisas.   Mas existem MBAs certos para cada faixa etária e cada nível de experiência? Temos no MBA Executivo alunos entre seis e nove anos de experiência. Raras são as vezes que entram pessoas com menos experiência. Geralmente, quando entram, são alunos com uma ascensão profissional muito rápida, que nós consideramos promissores.Os mais jovens que querem ter uma experiência de MBA, porém, costumam procurar o MBA Full Time. O MBA Full Time, nos Estados Unidos, é um programa de dois anos dos quais seis meses o aluno passa numa espécie de estágio dentro de uma empresa e mais seis meses de cursos eletivos dentro de uma área específico. Nele admitimos pessoas com dois a quatro anos de experiência. Para o brasileiro que está tentando, essa é a faixa de carreira em que faz mais sentido ir para fora. Depois dessa janela, o custo de oportunidade é tão alto para sair do país, deixar a carreira, deixar a família, que a pessoa acaba no meio do caminho. Mas também, sem uma experiência mínima de ao menos dois anos, o MBA não vai ser tão bem aproveitado. Então, é somente após mais pelo menos cinco anos de carreira que nosso programa de MBA Executivo entra em cena e serve para pegar esse profissional, em cargo de gerência, e prepará-lo para ser vice-diretor, diretor ou CEO de uma empresa. Entre esses dois programas de full time e executivo, tem outro que se chama Part-time MBA. A minha percepção é que aqui no Brasil, entre o Part-time e o Executivo, o mercado não está diferenciando esses programas, ou seja, são incluídos na mesma categoria. O MBA Part-time é para o profissional que está trabalhando, tem em torno de cinco anos de experiência, mas ainda está num fase da carreira em que o papel é mais específico, ainda gerencial. São os famosos MBAs em finanças, em gestão de projetos, por exemplo.   Em qual deles reside a maior procura? No Full Time temos atualmente 150 alunos. Temos 400 a 500 no Part-time. E 100 alunos no Executivo. Mas o que acho realmente impressionante é que às vezes temos candidatos com dois, três cursos de MBA no currículo procurando por MBA nosso. Mas o que ele está vendo como MBA no mercado é um curso de especialização com nome de MBA, porque MBA é um nome que vai bem comercialmente. Mas, sem dúvida, um curso de especialização é fundamental para pessoas com quatro anos de experiência. No entanto, mesmo para aqueles que optaram por fazer uma especialização, ou duas, seja por estar numa empresa familiar, por não poder sair do país por conta de família, por conta de uma ascenção profissional muito rápida, vai chegar num momento da carreira em que ele vai ter que ampliar essa visão de especialista. E aí o MBA Executivo é essencial e vai ter cada vez mais demanda.   Qual a relevância de um MBA para executivos de um país como o Brasil, que vê crescer de forma inédita sua influência no cenário global e, por consequência, vê crescer também a influência desses estrategistas? No caso da Universidade de Pittsbourgh, existem assuntos e matérias do MBA Executivo nos Estados Unidos que não existem no currículo brasileiro. Imagino que não seja uma especificidade nossa. Por isso mesmo, há tecnologias de administração, de compreensão do mercado, que chegam hoje ao Brasil, mas que já eram realidade lá fora em 2004 ou 2005. Então, em primeiro lugar, esses cursos aparecem como essenciais aos profissionais que querem acompanhar de perto o que se pensa e como as decisões são tomadas hoje no mundo. Em segundo lugar, é uma oportunidade de abrir a rede de contatos para entender o contexto global. O mercado brasileiro é um mercado distinto, um mercado forte, é possível para uma pessoa criar uma carreira e passar aqui o resto da vida. O que não é possível é tornar do Brasil uma ilha sem conexões com indivíduos tomadores de decisões em várias partes do mundo. O terceiro é o valor de abrir conhecimento para várias indústrias atuando em continentes diferentes. É a troca de experiências em setores que em circunstâncias normais não se comunicariam _como uma empresa de agrobusiness com uma de produtos farmacêuticos, por exemplo.

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