O caminho do dinheiro privado nas universidades públicas

A falta de transparência e a inexistência de ferramentas efetivas de controle transformam a interação do setor produtivo com a academia em um campo fértil para ilegalidades em todo o País

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Por Redação
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SÃO PAULO - Negócios privados, contratos obscuros e intermediações feitas por fundações envolvidas em irregularidades ganham cada vez mais espaço nas universidade públicas do Brasil. É o que revela esta reportagem especial, fruto do esforço conjunto de cinco grandes jornais brasileiros.

Profissionais do Estado, O Globo, Zero Hora, Diário Catarinense e Gazeta do Povo fizeram uma radiografia da virtual privatização que avança, com pouca transparência, nas instituições que são berçários do conhecimento e da pesquisa no País.

Por meio de convênios com fundações, surgem serviços de cifras milionárias, que muitas vezes nada têm a ver com os objetivos acadêmicos das instituições. Os clientes são empresas privadas, públicas e governos – com contratos quase sempre sem licitação. Já os professores, alguns de regime de dedicação exclusiva, conseguem multiplicar seus salários com esses trabalhos paralelos, mesmo que isso signifique conflito ético ou atividade irregular. As universidades, porém, são as que menos lucram no esquema.

As fundações privadas têm papel fundamental na “caixa-preta” das universidades. De janeiro de 2013 a julho de 2014, elas receberam R$ 1,4 bilhão da União, segundo levantamento da ONG Contas Abertas. Mais de 2,5 mil fundações trabalham com instituições brasileiras e são cada vez mais usadas na intermediação de serviços. Algumas são criadas e geridas por docentes com cargo de direção nas universidades – um potencial conflito de interesses.

Órgãos como tribunais de contas, Controladoria-Geral da União e Ministério Público questionam as relações, mas, amparado nas brechas e na falta de transparência, o sistema prospera.

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