Nota cai, concorrência sobe

Pontuação para ser aprovado em algumas carreiras tradicionais pode diminuir, mas não influencia total de candidatos em busca de vaga

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Por Gustavo Zucchi
Atualização:

Enquanto a nota de corte dos principais cursos da Fuvest caiu nos últimos anos, a concorrência aumentou. É o que mostra levantamento do Curso Poliedro obtido com exclusividade pelo Estado com dados dos dez últimos anos do vestibular mais concorrido do País, para entrar na Universidade de São Paulo (USP). Foram escolhidas quatro das carreiras mais tradicionais: Engenharia, Direito, Economia/Administração e Medicina. 

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A pouca relação entre a nota de corte a o aumento da concorrência fica mais clara quando se olha para os números dos vestibulandos de Medicina. Em 2017, a pontuação necessária para conseguir ser aprovado foi a menor dos últimos dez anos: apenas 69 pontos (pico em 2009, com 77 acertos). Em compensação, no ano passado o número de candidatos por vaga chegou a 63, quase dobrando o número de 2007 (32,9).

Já os outros cursos analisados mantiveram números mais parecidos e mostram que o vestibular em 2009 exigiu desempenho melhor dos candidatos na década: foi o ápice da nota de corte de todas as carreiras analisadas. Já a concorrência variou muito. Direito teve a maior relação de candidato por vaga no ano passado (24,5), Economia/Administração no vestibular para ingressar na faculdade em 2017 (14) e Engenharia em 2012 (15,9).

“Não há uma relação direta entre a concorrência de candidatos por vaga e a nota de corte. A nota de corte é um reflexo do desempenho dos estudantes de uma determinada edição do exame, é preciso ter atenção na comparação de diferentes provas e anos”, afirmou o diretor executivo da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), Renato Freire Sanches. “Apesar de a concorrência não ser homogênea entre os cursos, esse alto número de candidatos exige uma boa preparação dos estudantes e um desempenho satisfatório em todas as áreas do conhecimento.”

Cobrança. A alta concorrência torna mais difícil a tarefa de entrar na USP e assusta os candidatos. Juliana Bahia, de 18 anos, aluna do Objetivo em São Paulo, sonha em conseguir uma vaga em Medicina, mas sabe que não será fácil. “Aumenta a pressão em relação ao vestibular, o pensamento perfeccionista fica muito forte e sempre surge aquele sentimento de que poderia estar acertando mais, sabendo mais. É bem complicado, pelo menos para mim.”

A solução, segundo os especialistas, é uma boa preparação e deixar de lado a concorrência, se concentrando em obter a maior nota possível. “É preciso lembrar também que as provas da Fuvest são formuladas a partir das orientações curriculares para o ensino médio tanto do Ministério da Educação quanto do Estado de São Paulo. Ou seja, é o que o aluno aprende durante o ensino médio”, completa o diretor executivo da Fuvest. 

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