No virtual, não basta ensinar de modo tradicional
Professor deve incluir instrumentos da cultura digital e usar projetos em que alunos colaborem entre si, diz especialista
Entrevista com
Alexandre Schneider, presidente do Instituto Singularidades
Entrevista com
Alexandre Schneider, presidente do Instituto Singularidades
24 de setembro de 2020 | 15h00
É consenso que o ensino superior nunca mais será o mesmo. O cenário pós-pandemia será composto – ao menos em parte – por atividades conduzidas em ambientes digitais, com salas de aula virtuais, monitoriais em chats, materiais didáticos em nuvem e por aí vai. E como preparar o professor para essa nova realidade?
Para Alexandre Schneider, presidente do Instituto Singularidades, o foco deve estar em duas ações simultâneas e importantes: garantir que o futuro docente tenha domínio do conteúdo e que saiba como compartilhar esse com a turma. É claro que conta muito o domínio das ferramentas. Mas mais importante é dominar uma metodologia que não apenas reproduza aulas presenciais. Confira a entrevista:
Graduação entra de vez na era online
O principal desafio é como mudar a didática, mais do que dominar o instrumental tecnológico e conseguir utilizar aplicativos ou softwares. No virtual, não basta manter o jeito tradicional de ensinar. O professor tem de repensar a sua maneira de dar aula, tem de construir o processo educativo de outra forma. Esse ponto é pouco trabalhado nas formações de quem quer seguir carreira docente, sejam graduações, mestrados ou doutorados.
Muitos alunos se desinteressam pelas aulas remotas porque a relação deles com o digital é mais dinâmica. Uma aula com mais de 15 minutos focada em transmissão pura não mantém a atenção. É como ver peças de teatro pela televisão, não é a mesma experiência.Migrar para o universo digital pode ser complexo para o docente, mas, uma vez lá, quais são os benefícios mais imediatos?
Entre os benefícios a serem aproveitados pelos professores há a redução de trabalhos burocráticos ou repetitivos, que podem ser automatizados e proporcionar ganhos de tempo. Com o ensino híbrido, que deve ser o mais comum daqui para frente, o docente também terá uma economia das horas que seriam gastas em aulas simplesmente expositivas. Já vemos muitos professores universitários que aproveitam esses recursos tendo momentos em sala de aula mais ricos e qualificados. Eu creio que o ambiente presencial tende a ganhar em qualidade.
Creio que dá para fazer muita coisa a partir da evolução digital já existente. O mais importante para fortalecermos a relação entre pares, na academia, na escola ou na pesquisa, é que trabalhemos com redes abertas, que possibilitem a troca livre de ideias e não fechadas, o que é mais comum hoje.
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