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Muito além do livro didático

Recursos educativos online atraem investimentos aqui e no exterior

Por Carolina Stanisci
Atualização:

De um lado estão professores e alunos, que podem ter acesso online a softwares, animações, mapas e roteiros de aulas para complementar o conteúdo dado em sala. De outro, professores de universidades que desenvolvem essas ferramentas, os Recursos Educacionais Abertos (REAs). "Universidades e escolas trabalham há tempos com REAs nos Estados Unidos. O governo Obama anunciou investimento de US$ 50 milhões em REA recentemente", diz a brasileira Carolina Rossini, pesquisadora do Berkman Center for Internet and Society, da Universidade Harvard. Ela participará em São Paulo de um seminário sobre REAs que será realizado quinta e sexta-feiras na Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas.   Grande parte desses recursos abertos pode ser encontrada em sites de universidades e institutos de pesquisa americanos, como a Rede Merlot, a Universidade do Colorado, o Institute of Physics (IOP) e o Wolfram Research. No IOP, o professor encontra roteiros de aulas com sugestões sobre como abordar temas como eletricidade e astronomia. No site da Universidade do Colorado, o aluno brinca com conceitos da física. Em uma das simulações online, o estudante lança corpos de um canhão e tem de acertar um alvo levando em conta variáveis como velocidade e resistência do ar.   No Brasil, a Secretaria do Ensino a Distância do Ministério da Educação criou o Banco Internacional de Objetos Educacionais, onde estão catalogados online mais de 7 mil recursos didáticos. A secretaria tem duas frentes de trabalho. Em edital de 2007, selecionou 13 instituições para criar conteúdo a ser depositado no banco, num investimento de R$ 55 milhões. Tem também parceria com nove universidades para pesquisar, no Brasil e no exterior, objetos para serem agregados à página.   Conteúdos na rede: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br http://phet.colorado.edu http://www.iop.org/ http://www.merlot.org/ http://www.wolfram.com/   "Essas ferramentas podem ser usadas na educação a distância e em cursos presenciais. Permitem ao estudante interagir até sozinho, em casa", diz Nelson Studart, professor da Universidade Federal de São Carlos e coordenador da equipe da instituição que captura recursos didáticos para o banco do governo. Depois de escolhido por professores e mestrandos da UFSCar, o material é catalogado em área, série escolar indicada e autoria. "Se ele é interessante mesmo, entramos em contato com o autor, para ver a questão das licenças." Antes de entrar na página do governo, o REA ainda precisa passar pelo crivo de um comitê do ministério.   Segundo o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, o banco surgiu para criar uma "cultura da tecnologia da informação" na rede pública. "Quando a gente fala em recursos online, está falando em multimídia em especial. Estamos rompendo a barreira do livro."   Uma ferramenta que também vai além do livro são os jogos educacionais. Embora não estejam online no banco, alguns deles já têm seu valor reconhecido. O governo lançou, em 2006, o primeiro edital para desenvolvimento desses games, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos. A Finep escolheu, entre outros, o grupo Comunidades Virtuais, do programa de pós-graduação em Educação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), criador do jogo Tríade – Liberdade, Igualdade, Fraternidade, no qual o aluno deve se colocar no lugar de um menino na época da Revolução Francesa.   Um dos envolvidos no projeto do Comunidades Virtuais é o pedagogo Jaime de Oliveira Praseres Júnior, também consultor da produtora Redalgo. A empresa criou, em parceria com o físico Marcelo Gleiser, o Operação Cosmos, no qual alunos do ensino fundamental têm de desvendar desafios da física, matemática e outras disciplinas. "Há várias situações de aprendizagem nas fases do jogo", diz Praseres.  

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