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Mortes de jovens levam escolas a regras mais rígidas nos EUA

Acidentes de carro levam dezenas de escolas a proibirem tradicional abertura do campus na hora do almoço

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Por Redação
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Estudantes costumavam lotar as mesas verdes da Pizzaria Don Juno, comendo fatias de pizza de peperone e bebendo grandes refrigerantes antes de dirigirem 400 quilômetros de volta ao Smithtown High School West a tempo de sua próxima aula.   Entretanto, agora as pizzas se amontoam atrás do balcão. Pete Crescimanno, um pequeno homem com um asseado brigode negro que é um dos donos do lugar, estima ter perdido cerca de US$500 (R$829) por semana em vendas desde que o distrito escolar decidiu acabar com sua longa política de permitir que os alunos mais velhos saíssem do campus para o almoço.   "Não é a mesma coisa, e você perde porque costumava preparar para crianças e agora você não as vê", ele disse. "Claro, você perdem em negócios, mas você também perde o fato deles não estarem mais aqui."   Smithtown é uma entre as muitas escolas de Long Island, e ao redor de todo o país, que decidiu recentemente fechar seu campus na hora do almoço, cancelando um rito de passagem de gerações, pois representantes das escolas e pais estão ficando cada vez mais preocupados com acidentes de carro e, em alguns casos, com a falta excessiva às aulas. Esse distrito escolar de cerca de 11 mil alunos no condado de Suffolk iniciou a proibição de saída em Novembro, um dia após um acidente de carro durante a hora do almoço que matou três adolescentes.   Há três semanas, a escola West Hempstead do condado de Nassau, com 2.600 alunos, se tornou a última a adotar a proibição, depois de um acidente de carro com dois mortos. Um terceiro distrito escolar, Jericho, fechou seu campus depois que um aluno do ensino médio foi atropelado no estacionamento em 2005. Ao todo, mais de uma dúzia de escolas de Long Island reavaliaram ou reforçaram suas políticas.   Os acidentes em Long Island levaram o membro democrata da assembléia legislativa pelo Queens, Michael N. Gianaris, a propor uma lei que proibisse estudantes de dirigir durante o período de almoço nas escolas. School Boards Association (Associação de Escolas) do estado de Nova York está entre os que se opõem a esse plano, argumentando que esse tipo de questão deve ser resolvida pelos distritos locais.   Em todo o país, mais distritos estão decidindo ser melhor ficar sem liberar os alunos durante o período de almoço. A cidade de Fort Worth, no Texas, fechou os campus de suas 13 escolas após descobrir que, além de se envolverem de acidentes de carro, estudantes estavam cabulando aulas antes e depois do almoço. Peoria, no Arizona, subúrbio de Phoenix, também fechou seus campus escolares para o almoço este ano depois que um acalorado debate dividiu pais e levou a um protesto de 1.200 alunos.   "A experiência do ensino médio deveria ser uma experiência positiva, não um cárcere", disse Joseph Bernier, de 40 anos, pai de quatro crianças que coletou mais de 2.400 assinaturas em um esforço para reabrir o campus.   Jonathan Zimmerman, professor de educação e história na Universidade de Nova York, disse que essa mudança de regras reflete uma mudança cultural mais ampla, em desenvolvimento desde a década de 1980, para impor controles mais fortes sobre os jovens; uma mudança que também levou ao aumento da idade limite para consumo de bebidas alcoólicas para os 21 anos, além das restrições sobre motoristas adolescentes. Embora tais iniciativas normalmente pretendam proteger os jovens, disse, o efeito colateral pode ser a perda de oportunidade para que possam tomar decisões sabias sozinhos.   "É importante que quanto mais regras impusermos, mas prorrogamos a idade adulta", disse Zimmerman, que geralmente apóia politicas de abertura do campus no almoço. "Adolescentes de 18 anos podem votar e morrer em alguma guerra no Oriente Médio, mas agora as escolas dizem que eles não têm a sabedoria ou maturidade para sair para almoçar. Eu acho isso impressionante."   No entanto, muitos representantes das escolas e pais dizem que o fechamento dos campus é necessário, quando as estradas estão lotadas e motoristas inexperientes são vulneráveis à distração de amigos ou do celular, quando correm do ou para o campus. Em um relatório de 2005, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, encontrou que a política de abrir o campus contribuía para uma maior taxa de acidentes entre adolescentes.   Algumas escolas encontraram mais benefícios para uma política de almoço fechado: em Denver, a freqüência às aulas da tarde melhorou. E em Bridgman, Michigan, as vendas da lanchonete da escola aumentaram em cerca de 10% em dois anos desde o fechamento do campus.

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