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MIT desmente ministro sobre abertura de sede no Brasil

Mercadante afirmou que universidade criará escola no País, mas MIT disse que 'não abre filiais'

Por Gustavo Chacra e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Em sua visita a Boston e Cambridge, a presidente Dilma Rousseff buscou aprofundar as relações acadêmicas do Brasil com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade Harvard, incentivando uma série de parcerias envolvendo estudantes, pesquisadores e professores brasileiros.

 

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O problema é que uma declaração do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, provocou um mal entendido ao afirmar que o "MIT abrirá um MIT no Brasil". E repetiu mais duas vezes - "Teremos uma escola do MIT no Brasil. Vamos criar uma sede do MIT no Brasil".

 

Horas depois, a universidade desmentiu o ministro. "O MIT não abre filiais no exterior", diz comunicado, acrescentando que deve ter havido "um pequeno mal entendido" e que "o ministro falava em uma noção geral de colaboração". O único acordo oficial envolve uma parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

 

Mercadante, ao saber do desmentido, fez questão de repetir que o "pró-reitor do MIT, Rafael Reif, afirmou que há o interesse em abrir um centro de pesquisa no Brasil".

 

No seu discurso depois de encontro com a reitora da universidade americana, Susan Hockfield, a presidente não mencionou o convite à instituição para ir ao Brasil. De acordo com um porta-voz da Presidência, diferentemente do que disse Mercadante, a própria Dilma teria convidado o MIT, que ainda estudava o convite.

 

Em discurso no MIT, Dilma disse apenas acreditar que "a nossa parceria (Brasil-EUA) para o século 21 será baseada no conhecimento. Por este motivo, me comprometi em dar suporte a este acordo (entre o ITA e o MIT)".

 

A Universidade Columbia, de Nova York, anunciou há algumas semanas que vai inaugurar um centro no Rio de Janeiro. As negociações duraram meses e foram feitas diretamente com o governo estadual. Universidades como a NYU (Universidade de Nova York, na sigla em inglês) e a Georgetown possuem filiais com graduações no Golfo Pérsico e Yale deve abrir uma em Cingapura. Todas terão graduação e pesquisa.

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Também é comum uma série de universidades americanas estabeleceram convênios com instituições de ensino estrangeiras. A própria Columbia, mesmo com o centro no Rio, tem ligações na área de relações internacionais e administração pública com a Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.

 

Um dos objetivos do Brasil, mencionado tanto por Mercadante como por outras autoridades brasileiras, seria usar o projeto Ciência sem Fronteira para enviar estudantes para o MIT, entre outras universidades americanas. O foco seria nas áreas médicas e tecnológicas.

 

O governo brasileiro ficaria incumbido de dar as bolsas, pagando a anuidade da universidade. Os alunos precisariam, de qualquer maneira, passar pelo processo seletivo, sem garantia de vagas. Na prática, altera pouco o cenário porque quase a totalidade de doutorandos brasileiros no MIT já tem bolsa da própria universidade.

 

Uma diferença, porém, seria a obrigatoriedade de retornar ao Brasil. Muitos estudantes brasileiros ainda optam por permanecer no exterior depois de concluírem a pós-graduação. "Acho difícil eu voltar. Não tem mercado na minha área", afirmou o doutorando de Engenharia Elétrica do MIT Bruno do Valle.

 

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Depois do MIT, Dilma almoçou com o governador de Massachusetts, Deval Patrick. Ela foi recebida por dezenas de crianças de dois colégios brasileiros na região de Boston. Em seu discurso, ela ressaltou a importância da "comunidade brasileira em Massachusetts, que é a maior entre as estrangeiras".

 

Harvard. No fim do dia, a presidente visitou Harvard, onde fez uma palestra. A administração também anunciou uma colaboração com a universidade por meio do Capes para apoiar doutorandos e pós-doutorandos do Brasil, além de estudantes de áreas médicas, exatas e tecnológicas. Haverá ainda uma bolsa de professor visitante brasileiro na universidade americana.

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