Ministro defende portaria que dificulta acesso ao Fies

Medida exige nota mínima de 450 pontos no Enem e proíbe que aluno tenha Fies e bolsa do ProUni ao mesmo tempo

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Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Educação, Cid Gomes, defendeu nesta terça-feira, 13, portaria que dificulta o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa voltado para o financiamento da graduação no ensino superior de alunos de instituições privadas. A partir de abril de 2015, será exigida uma nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para obter acesso ao financiamento.

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“No ano passado foi feita uma portaria que estabelece um padrão mínimo para o ingresso dos alunos. Acho que está em sintonia com a busca de qualidade de ensino”, disse o ministro.

A portaria do MEC também proíbe que o aluno receba simultaneamente recursos do Fies e bolsa do Programa Universidade Para Todos (ProUni), que concede benefícios integrais e parciais para instituições privadas de ensino superior. A exceção ocorre quando se tratar de bolsa parcial e ambos os recursos se destinarem ao mesmo curso, da mesma instituição.

As incertezas acerca dos efeitos práticos das medidas do MEC, que alteraram o Fies, têm levado investidores a optar pela venda dos papéis do setor de educação. Questionado sobre a queda nas ações de empresas gigantes da área de educação, Cid comentou: “Eu não entendo muito de bolsa, não. Quero trabalhar pela educação, focando na questão da qualidade na educação pública”.

Segundo o Estado apurou, havia a previsão de uma reunião nesta terça entre o secretário executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, com gigantes do setor - o encontro teria sido remarcado para sexta. A assessoria do MEC informou que o diálogo está mantido, mas afirmou que não há previsão de data para a nova reunião. A negociação envolve companhias como Kroton, Estácio de Sá, Anima, Ser Educacional e Laureate. 

De acordo com as fontes, as companhias preparam uma série de relatórios jurídicos e financeiros para contestar a portaria do MEC. Da forma como está, a medida fará com que as empresas de grande porte recebam em um ano oito mensalidades dos alunos do Fies, e não mais 12. No caso de um curso de quatro anos, o pagamento das mensalidades seria feito em seis anos.

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