O Ministério da Educação pretende apoiar proposta da Câmara para restringir o projeto que reserva 50% das vagas nas universidades federais a alunos das escolas públicas. Ficariam de fora desse benefício alunos de escolas que já fazem seleção rigorosa dos estudantes, como escolas técnicas federais, colégios militares e escolas de aplicação das universidades. Na quinta-feira, em audiência pública sobre a política de cotas no Senado, o ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu a restrição e, pela primeira vez publicamente, a posição do governo contrária às cotas raciais e a favor das cotas sociais. "Os jovens brancos das escolas públicas têm rigorosamente os mesmos direitos dos jovens negros das escolas públicas", disse a uma platéia formada principalmente por defensores das cotas raciais. Na audiência, discutiu-se o Estatuto da Igualdade Racial e o projeto de lei da reserva de vagas. Essa é a primeira vez que um membro do governo federal defende publicamente essa posição desde a entrevista do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ao Estado, há cerca de um mês. Tarso questionou as cotas raciais e informou que o governo pretendia retirar o apoio ao estatuto no Congresso. A posição do governo, informou, seria a de dar prioridade para sistemas que levassem mais em conta a origem social do candidato, não a raça. A posição do governo deixou a ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, em situação desconfortável. Favorável às cotas raciais, Matilde, na audiência pública de quinta, defendeu as cotas sem muita ênfase.