
17 de junho de 2010 | 18h37
Os prós e contras da precocidade foram discutidos no debate entre Hatoum e Denise, mediado pelo editor Marcos Guterman
Um escritor e uma executiva frente a frente com o passado. Nesta quinta-feira, o ciclo de debates do Estadão.edu convidou Milton Hatoum e Denise Damiani para refletir sobre os caminhos que os levaram a ser referências em suas áreas. Durante a conversa, que teve mediação do editor da Primeira Página do Estadão Marcos Guterman, eles lembraram das decisões que tiveram de tomar entre a juventude e os primeiros anos da vida adulta.
Nascido no Amazonas, Hatoum contou que gostava de escrever poemas na adolescência. Aos 14 anos, chegou a formar uma banda de rock com amigos de Manaus. Cursou o ensino médio em Brasília e foi aprovado no vestibular de Arquitetura na USP. "Mas eu não queria ser arquiteto, queria ser escritor. Aos 21 anos, estava completamente perdido numa espécie de dilema moral", afirmou. "Mas era difícil pensar em ser escritor num País em que a maior parte da classe média não se interessava por leitura."
Nos seus primeiros anos de faculdade, o Brasil já estava mergulhado numa ditadura militar. Isso acalentou ainda mais o sonho de Hatoum de sair do País. E foi o que fez. Formado, morou em Paris e também nos Estados Unidos. Aos 37 anos, Hatoum teve publicado o primeiro livro. Ao todo, lançou quatro romances e recebeu três prêmios Jabuti: por Relato de um Certo Oriente, Dois Irmãos e Cinzas do Norte.
Sócia da consultoria Accenture, Denise, ao contrário do escritor, teve uma trajetória marcada pela precocidade. "Com 7 anos eu já queria aprender inglês, o que meu pai achava uma barbaridade." Aos 14, já falava quatro línguas. "Essa coisa de viajar e falar línguas foram diferenciais em minha vida."
Denise também estudou na USP. Formou-se em Sistemas Digitais na Escola Politécnica - era o curso mais próximo da área em que queria trabalhar, a Computação. Diz que nem sabe como conciliou o curso, em período integral, com o trabalho. "Uma das coisas de que me arrependo na vida é de não ter curtido minha época de faculdade. É um tempo que não volta mais."
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