Mercado sustentável e de energias renováveis revigora profissões

Há cada vez mais carreiras avançando em torno de telemetria, sensores, drones, pesquisa mineral e agromineral

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Por Vanessa Fajardo
Atualização:

A preocupação com o meio ambiente e as soluções sustentáveis criou um amplo mercado para os profissionais dos cursos ligados às Ciências da Natureza. Na última década, com o conceito da economia verde – que visa a desenvolver o País sem causar degradação ambiental –, surgiram novas profissões, como as relacionadas a energias renováveis e edificações sustentáveis. Em 2013, a Universidade de Fortaleza (Unifor) criou o curso de Tecnólogo de Energias Renováveis em resposta a uma demanda do mercado. “O Estado tem um potencial grande na área eólica e solar e precisávamos de um profissional que tivesse um leque mais amplo de formação, para entender o mercado e prover soluções”, explica Dayane Carneiro, professora da Unifor, engenheira eletricista e mestre em energias renováveis.

Energia eólica está no foco da Unifor Foto: ROBÉRIO CASTRO/UNIFOR

Dois anos depois, em 2015, a universidade também reestruturou a grade curricular do bacharelado em Energia Elétrica, incluindo disciplinas voltadas às energias renováveis, e atualmente oferece especialização na área, lato sensu. A professora comenta também que o tecnólogo em energias renováveis costuma ter uma visão mais sistêmica. “Enquanto o engenheiro entende estrutura e potência de energia, o tecnólogo atua mais com o recurso local, orquestra a operação da planta pensando no uso racional de energia e impacto no ambiente. É o profissional que traz mais a visão da sustentabilidade.” Dayane explica que o segmento de renováveis vai ser a base da transição para a economia de baixo carbono. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mensurou o tamanho desse mercado. A estimativa é de que até 2026 a cadeia eólica gere cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos. O dado consta do relatório “Profissões do Futuro na Área de Energia e Implicações para a Formação Profissional”. O texto sugere que, para se alinhar às tendências de mercado, os currículos dos cursos superiores precisam incorporar aspectos relacionados a redes inteligentes, mobilidade elétrica e armazenamento de energia elétrica, de forma transversal e multidisciplinar. Gabriane Aléxia de Sousa Rodrigues, de 22 anos, é aluna do curso Tecnólogo de Energias Renováveis da Unifor e acredita que o mercado para este profissional estará cada vez mais em alta. “Energias renováveis é uma área que vem crescendo em todo mundo nos últimos anos, principalmente com migração dos combustíveis fósseis para fontes de energia limpa em vários países para reduzir a poluição. A profissão é importante para fazer com que essa meta seja atingida.”

Gabrianeé aluna do curso deEnergias Renováveis na Unifor Foto: Robério Castro/Unifor

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No curso de tecnólogo, Gabriane aprende sobre o funcionamento teórico e prático de fontes renováveis como eólica, solar, biomassa e hidrelétrica. “Um profissional em energias renováveis, além de contribuir para melhor eficiência de um determinado projeto, também irá analisar as implicações ambientais provenientes dele, e assim fazer com que tenha o menor impacto possível no ambiente.”

NA AGRICULTURA

Importante setor dentro do PIB (27,4% em 2021), a agricultura tem forte influência entre as profissões sustentáveis. Agora, entretanto, com uma novidade: sob impacto de ferramentas digitais. Uma publicação sobre profissões emergentes na era digital realizada por Senai, UFRGS e Agência Alemã de Cooperação Internacional mapeou alguns desses recursos. São drones, que podem sobrevoar propriedades; piloto automático, que pode automatizar as máquinas agrícolas nas lavouras; telemetria, que permite por meio de GPS analisar e tratar infestações; e ainda sensores que coletam dados referentes à saúde da planta. O relatório aponta que cada vez mais o mercado terá a necessidade de profissionais capazes de aliar competências rurais a tecnologia, digitalização e negócios. Entre eles, os principais são técnico em agronegócio digital, técnico em agricultura digital e engenheiro agrônomo digital, que atuam em diferentes escalas do setor de produção, mas trabalham com ferramentas tecnológicas para otimizar processos e ampliar negócios. O Fórum Econômico Mundial elenca, ainda, outras profissões emergentes dentro da economia verde: técnico de processamento de biocombustíveis, gerente de instalação de energia solar, especialista em recursos hídricos, técnico de serviço de turbinas eólicas, entre outros.

GEOLOGIA E AGROMINERAIS

 Ainda no campo das Ciências da Natureza, há as oportunidades que vêm sendo criadas nos setores de geologia de engenharia, pesquisa mineral e agrominerais. Estes últimos insumos são extraídos na mineração e utilizados na agricultura. “O mercado de geologia de engenharia está em alta por causa das obras de descomissionamento das barragens. A pesquisa mineral aumentou por causa do investimento estrangeiro para pesquisa, principalmente de ouro, cobre e lítio”, detalha Rodrigo Viana, professor de Engenharia e Geologia da UniBH. “Os agrominerais são uma alternativa viável aos fertilizantes, pois são benéficos para as lavouras e têm custo total, em longo prazo, mais barato”, destaca. Por fim, Viana ressalta que, para além de formação técnica sólida, o profissional da área deve possuir um olhar “econômico-social” da carreira. “Competências como língua estrangeira, domínio de softwares e polivalência são outros requisitos básicos.”

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