24 de outubro de 2011 | 21h52
O paulistano Thales Bandeira, de 22 anos, chegou à Rússia há um ano. Era outono, fazia 10 graus, e ele tremia de frio. “Via russos de regata, russas de saia, e achava que eu tinha algum problema”, diz Thales, um dos cerca de 120 alunos brasileiros da Universidade Médica Estatal de Kursk, a 470 quilômetros de Moscou. “No inverno peguei menos 29 graus. Quando na primavera fez 5 positivos, fui eu quem pôs camiseta, achando o ‘calor’ uma maravilha.”
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O brasileiro embarcou na aventura russa depois de ter tentado por quatro anos vaga em universidades públicas, como USP, UFSCar e UFPR. “Ficava nervoso nas provas. Um dia até vomitei”, diz Thales, que cursou colégios particulares em São Paulo e Minas.
A ideia de fazer Medicina fora veio graças a um amigo cuja prima estuda na Rússia. Thales se inscreveu para a seleção da Aliança Russa de Ensino Superior, que divulga no Brasil cursos de graduação no país europeu. Enviou o currículo para análise e fez uma entrevista.
Aprovado, Thales passou na Rússia por uma espécie de vestibular, com biologia, química e inglês. “Analisei provas de admissão e olimpíadas escolares do mundo todo e nada se compara a vestibulares brasileiros. Então, a prova não foi difícil.”
A universidade, que tem aulas em inglês ou russo, cobra mensalidade de R$ 538, que inclui serviços de assistência estudantil e plano de saúde. “Uma particular barata no Brasil custa uns R$ 3 mil só a mensalidade, sendo que o nível das faculdades russas se compara ao das melhores federais daí.”
Na Universidade Médica de Kursk estudam 120 brasileiros / Foto: Arquivo pessoal
Em Kursk, o aluno deve ter 100% de presença, sob pena de expulsão. Sem tempo para trabalhar, Thales se mantém com a ajuda da família. “Sairei daqui formado por um método reconhecido, sabendo termos médicos em quatro línguas (português, inglês, russo e latim), além de mais maduro.”
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