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MBAs entram no concorrido mercado da tecnologia

Alunos aprendem a entender os processos digitais, a identificar as tendências e a criar cenários de negócios

Por Luciana Alvarez
Atualização:
Larissa Purim, publicitária Foto: JF DIORIO/ESTADÃO

Ser um profissional de destaque em um mundo que a cada dia ganha novas tecnologias traz necessidade de ser criativo, de estar sempre atento às novas tendências de comportamento e, ao mesmo tempo, ter bons conhecimentos sobre as tecnologias disponíveis. Essas exigências tão amplas do mercado de trabalho estão fazendo profissionais de áreas diversas convergirem para as mesmas salas de aula, em cursos de pós-graduação com o foco em universo digital, inovação e empreendedorismo. 

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Formada em Publicidade, Larissa Purim encontrou uma sala de aula com colegas de formações e experiências muito diferentes ao cursar o MBA em Gestão de Inovação da Business School São Paulo (BSP). “É interessante que, embora poucas pessoas trabalhem na mesma área e tenham a mesma formação, os problemas processuais são muito semelhantes. Assim, as trocas se tornam muito positivas, porque a visão de um colega de outra área leva a muitos insights”, conta ela, que trabalha como consultora de marketing digital em uma multinacional. 

Antes de optar pelo curso, Larissa consultou alguns colegas e chefes da empresa, e foram eles que lhe aconselharam a cursar um MBA. “Como trabalho muito com tendências, em um mercado muito dinâmico, escolhi um MBA que tivesse o foco em inovação. Busquei também um curso que fosse voltado à prática e não algo extremamente acadêmico. Uso na rotina profissional conceitos e ideias do MBA com muita frequência.”

Apesar de satisfeita com o aprendizado, a consultora não vai parar de estudar ao se formar. “O MBA dá uma base, mas sei que vou continuar estudando e me atualizando o tempo todo. No ano que vem, quero fazer cursos mais curtos, de programação e blockchain (tecnologia que permite transações complexas), porque vão ser muito úteis para meutrabalho”, conta.

Capacitação. Adquirir conhecimento sobre as tecnologias é um ponto que preocupa muitos profissionais que vêm de outras áreas de formação. Embora seja de fato interessante, é a mudança da cultura corporativa que deve ser o maior foco das atenções, segundo André Guimarães, coordenador do MBA em Negócios Digitais da Inova Business School. “Um negócio realmente ‘digital’ é um conceito que vai muito além do simples processo de digitalizar um negócio ‘analógico’. Construir um negócio digital bem-sucedido requer principalmente uma cultura forte e uma mentalidade que permita a adaptação contínua da visão, da estratégia, dos modelos de negócios, da tecnologia, dos processos e principalmente dos recursos humanos da empresa.”

Nesse contexto, um curso que prepara bem seus alunos é aquele que mostra como criar as próprias respostas quando se depararem com cenários que atualmente ainda não existem. “O fundamental é que o MBA capacite o aluno na compreensão do futuro e das tendências. Precisa instigar o estudante a não simplesmente aceitar o que o professor diz em sala de aula, mas sim pensar criticamente”, afirma Guimarães.

A literatura aponta que há formas de se inovar independentemente das tecnologias, como mudar os processos dentro da empresa, ou transformar o modelo de negócios. Na prática, porém, as inovações da atualidade estão sempre atreladas a ela. “O que vemos é uma nova tecnologia que possibilita um novo modelo de negócio e muda também a forma de trabalho dentro da empresa. Com o atual grau de integração e conectividade, é muito difícil ver uma inovação sem a tecnologia junto”, afirma Mônica Desidério, docente do MBA da BSP. 

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Além de criar novos negócios, o avanço tecnológico produz forte impacto em setores mais tradicionais. “A indústria farmacêutica usa a internet para monitorar pacientes em testes clínicos. O agronegócio também tem se transformado”, cita ela. 

Portanto, diz a professora, a preparação do profissional de todas as áreas deve ter como objetivo aumentar a capacidade de reflexão. “O ciclo de vida dos produtos, serviços e até dos negócios está reduzido. Há aplicativos com vida útil de seis meses. Por isso, em um curso de MBA o aluno tem de entender os processos, identificar tendências, criar cenários”, explica Mônica. 

Teoria e prática. Como muita gente que viu a tecnologia transformar e otimizar processos operacionais, Renata Stramasso entrou com tudo no mundo digital sem uma preparação acadêmica prévia. “Acabei indo para a área de e-commerce, mas sentia que me faltava uma bagagem teórica mais consistente. Eu trabalhava seguindo o fluxo, mas sem conhecer as melhores práticas, ver outras soluções de mercado, pensar em soluções mais criativas e até mesmo fora da curva”, relata. 

Depois que terminou seu MBA em Marketing Digital pela ESPM, há dois anos, não parou mais de estudar. “Sou uma pessoa muito antenada, estou sempre ligada em tudo: assino newsletters, participo de grupos de discussão, fóruns, e já fiz outros cursos mais curtos, especializações. Respiro e-commerce o tempo todo”, diz. 

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“No mercado, muita gente cresceu de forma pragmática. Pessoas que simplesmente começaram a fazer e conseguiram algum sucesso, mesmo sem conhecimento formal”, afirma André Miceli, coordenador do MBA em Marketing Digital da FVG. Segundo ele, esse fenômeno acabou diminuindo os salários médios, mas a fase do amadorismo está passando e os profissionais que se dedicam a estudar já estão se destacando novamente. “O mercado está amadurecendo, caminhando para um maior profissionalismo. O bom profissional, aquele que consegue demonstrar com alguns indicadores o desempenho, tem sido mais valorizado e recompensado pelas empresas”, garante Miceli. 

Perspectivas. A necessidade constante de novos conhecimentos, a sobreposição de áreas de saberes diferentes e o medo da competição por parte até de robôs e sistemas de inteligência artificial assustam muitos profissionais no momento atual. “Vejo muitos preocupados com seus empregos, se eles vão continuar existindo. Em todas as revoluções tecnológicas, algumas peças desapareceram. Mas muitas novas surgiram! As tecnologias permitem acelerar a criação”, afirma Julio Figueiredo, coordenador do Master da ESPM. 

Para garantir um espaço no futuro, as pessoas devem continuar buscando capacitações, de forma a integrar o que já conhecem com a atualidade, recomenda Figueiredo com uma metáfora. “A gente está deitado na prancha e a onda está se formando bem pertinho. A hora é de remar, bater com vontade as pernas e braços, para conseguir surfar.”

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Carreira em TI abre portas para empreender

Para Carlos Alexandre de Araújo, de 42 anos, chegou a hora de empreender. Com formação na área de TI, há alguns anos ele decidiu mudar o foco para a área de negócios e, para fazer a transição, cursou uma segunda faculdade, desta vez em marketing. Os conhecimentos em ambos os campos garantiram uma boa colocação na gestão de uma multinacional de softwares. Mas há um ano ele entrou no MBA em Marketing Digital da FGV e a partir daí começou a sentir o desejo de ter o próprio negócio.

Além de ter um e-commerce, Araújo vê a possibilidade de se tornar um consultor em futuro próximo. “Só de eu começar a colocar em prática meus planos, abrir a empresa, algumas pessoas perceberam o movimento e me procuraram pedindo consultoria.” 

De acordo com Nicolau Reinhard, coordenador do MBA Gestão da Tecnologia da Informação da FIA (Fundação Instituto de Administração), trilhar o caminho do empreendedorismo e da consultoria tem sido bastante comum entre profissionais que conseguem alinhar os conhecimentos da tecnologia com uma boa visão de mercado. “A carreira de um executivo de TI não costuma ser muito longa. Ele pode chegar rápido ao posto de diretor, mas pode ser substituído fácil.”

Para dar auxílio a quem vai optar pela carreira solo, Reinhard conta que o curso da FIA oferece uma boa formação para o empreendedorismo. “A monografia é um plano de negócios”, diz. Seja para ter sucesso empreendendo, ou dentro de uma grande empresa, quem procura um MBA vai se preparar para olhar além da tecnologia. “As inovações que alteram o mundo não estão na tecnologia em si, mas na sua aplicação.”

Um MBA é muito útil. Mas nem todos precisam seguir essa rota. Segundo Caio Arnaes, gerente de recrutamento da empresa de RH Robert Half, no Brasil há muitas oportunidades para bons especialistas. “Há dois caminhos possíveis na carreira: de liderança ou de especialista. Hoje tem especialistas com bons salários, às vezes maiores do que o do próprio gerente. Se é uma questão salarial, é sim possível crescer sem ir para a gestão.”

A diferença para quem vai atuar nas áreas técnicas é o tipo de formação, mas deixar de estudar está fora de questão para qualquer um. “O mercado de TI é um dos que mais demanda estudo contínuo. Quem atua na área técnica precisa fazer treinamentos constantes”, diz Arnaes. 

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SERVIÇO

MBA em Gestão de Inovação BSP Duração: 360 horas/12 meses Início: março de 2018 Valor: 21 parcelas de R$ 1.820,10 Site: bsp.edu.br

MBA em Negócios Digitais Inova Busines School Duração: 420 horas/12 meses  Início: março de 2018  Valor: 18 parcelas de R$ 1.100.00 Site: inovabs.com.br

Master em Marketing e Comunicação Digital ESPM Duração: 480 horas/ 18 a 20 meses Início: março de 2018 Valor: não informado Site: espm.br/mba

MBA em Marketing Digital FGV Duração: 444 horas Início: março de 2018 Valor: a partir de R$ 36.865,21 Site: fgv.br/mba

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