MBA fora da rota

Rússia, Índia e China viram destinos de jovens brasileiros que querem se destacar nos mercados emergentes

PUBLICIDADE

Por Carolina Stanisci
Atualização:

No fim de 2008, o paulistano Nicholas Wiczer, de 28 anos, se preparava para enviar documentos e disputar vaga nos tradicionais MBAs da London Business School e do espanhol Iese. Mudou de ideia depois de ouvir um conselho peculiar de um consultor: já que descendia de russos, por que não fazia o MBA na própria Rússia?

 

PUBLICIDADE

Na época, começava a chamar a atenção no mundo corporativo um MBA recém-criado na Skolkovo Moscow School of Management, na capital russa. O curso tem um enfoque diferente dos tradicionais, com maior ênfase na prática.

 

Os alunos do MBA russo têm seis meses de aula em período integral. Depois, passam um ano entre aulas e consultorias dentro de empresas – não necessariamente russas.

 

“Fomos para a Índia trabalhar no maior banco de lá, o Icici”, conta Wiczer, que começou as aulas há um ano. Atualmente está em Boston: frequentou classes do MIT e vai trabalhar, até o fim do mês, como consultor numa empresa. “O melhor é que todos os professores são de fora: do Insead (com sede na França e em Cingapura) de Colúmbia, do MIT.”

 

Como Wiczer, outros alunos fogem do roteiro convencional de MBAs. Pedro Henrique Lemgruber Vilela, de 26 anos, formado em Administração no Insper, escolheu a Índia.

 

“Fui para lá em 2007, de férias, e foi um choque cultural. Pensei: ‘Puxa, quero passar mais tempo aqui’”, conta Vilela. Dois anos depois, decidiu se mudar para lá e fazer um MBA.

 

Descobriu a Indian School of Business, na cidade de Hyderabad. “Ela está no top 12 do Financial Times”, diz Vilela, que na época pediu licença do emprego na Consultoria Integration, onde voltou a trabalhar. “A Índia era o lugar mais diferente que tinha na cabeça, para viver uma cultura nova, pensar na vida, questionar crenças.”

Publicidade

 

Para o diretor acadêmico da Business School São Paulo, Armando Dal Colletto, há um número crescente de escolas de qualidade no pelotão de elite dos países emergentes, os Brics – sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia e China. “Pode ser útil para os alunos, principalmente nas escolas focadas em desenvolvimento econômico em harmonia com o ambiental.”

 

Facebook lotado. Para Vilela, as aulas são similares às de outros MBAs. “As pessoas é que são diferentes. O povo indiano é mais sincero.” Outro diferencial foi a rede de contatos que montou. “Tenho mais de 400 indianos no meu Facebook.”

 

A troca de experiências com os indianos foi intensa e Vilela ajudou no plano de negócios de vários colegas. Esse intercâmbio de culturas foi, para ele, o ponto alto da temporada na Índia. “Recomendo fazer MBA fora dos EUA e Europa, mas é preciso preparo psicológico com as diferenças culturais.”

 

Renata Duch encarou esse desafio. Formada em Administração na Universidade São Judas Tadeu, ela chegou a Xangai em 2006, para um curso de três meses de mandarim. Em 2008, fez as malas para uma nova viagem – até agora sem volta.

 

PUBLICIDADE

Renata estudou mandarim por um ano em Pequim, na Central University of Finance and Economics, e depois resolveu concorrer a uma bolsa do governo para fazer MBA. Selecionada, escolheu a Jiaotong University, em Pequim mesmo. É a primeira brasileira e estudar na instituição. “A China é e será cada vez mais importante para a economia global.”

 

Renata afirma que está se adaptando bem ao estilo de vida local. A brasileira ainda lembra das coisas que mais estranhou ao chegar ao país, como o excesso de óleo e tempero na comida – nada que azede sua experiência na universidade de Pequim, cujos estudantes vêm de vários cantos do mundo.

 

“Tenho amigos de cultura, costumes e religiões diferentes”, diz. Na sala de aula, explica Renata, isso se reflete em discussões mais criativas sobre como o tema estudado seria aplicado no país de cada aluno.

Publicidade

 

Estudando nos Brics:

 

RússiaMoscow School of Management - Skolkovo

 

ÍndiaIndian School of Business

 

ChinaBeijing Jiaotong University

 

Hong Kong UST Business School

 

China Europe International Business School

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.