MBA, o caminho para crescer como gestor

Consagrada pelo mercado, essa modalidade de pós-graduação se destina a quem está em posições de tomada de decisão

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Por Luciana Alvarez
Atualização:
De olho em posições de liderança ou em uma oportunidade no exterior, Farias decidiu fazer um MBA Foto: JF DIORIO /ESTADÃO

Faz mais de 20 anos que Renilson Farias, de 40 anos, conseguiu seu primeiro estágio na área de Tecnologia da Informação. Durante todo esse tempo, para melhorar na profissão, sempre aliou o trabalho a estudos: fez cursos técnico, tecnológico e livres, além de uma especialização. Mas chegou a um ponto da carreira em que, para progredir, não precisa mais de conhecimentos técnicos, e sim de habilidades de gestão e liderança. Foi por isso que ele decidiu fazer um MBA, sigla para Master in Business Administration. 

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"Estou em um cargo de gerente técnico sênior, em que ajudo os clientes a fazer melhor uso das ferramentas da empresa. Almejo outras posições de liderança, quero chegar à direção." Como trabalha em uma multinacional e também adoraria ter uma oportunidade fora do Brasil, optou pelo MBA Executivo Internacional da Business School São Paulo (BSP). "Em junho, vou fazer um módulo em Boston (EUA), para conhecer outras práticas, outras culturas empresariais. Será uma experiência intensa." 

Segundo Renilson, seu empregador gosta e incentiva que os funcionários cursem MBAs - para ele, a empresa está bancando metade do valor do curso. "É bom para a empresa, porque você melhora em certas competências. Comecei o MBA em março e já vejo com outros olhos certos problemas, percebo que é um processo que terá resultado positivo sobre minha produtividade. Mas, sobretudo, fazer o MBA é algo que está me dando bastante prazer." 

Do ponto de vista legal, no Brasil um MBA é apenas um curso de pós-graduação lato sensu, como todas as demais especializações. Por isso, as instituições de ensino do País podem usar a sigla livremente em seus programas de pós-graduação. O MEC obriga apenas a uma carga horária mínima de 360 horas aula e a se ter um corpo docente com 100% de pós-graduados. 

Mas na prática consagrada pelo mercado, um MBA tem algumas características específicas: precisa ter seu foco em gestão e deve ser destinada a profissionais como Farias, que já têm experiência e estejam em posições de tomada de decisão. 

"O MBA tem objetivo de desenvolver habilidades como visão estratégica, resolução de problemas complexos, liderança, pensamento empreendedor, gestão de riscos", diz Silvio Laban, coordenador acadêmico do MBA do Insper. Assim, para além de promover o aprendizado de conteúdos como finanças, marketing, contexto econômico, é um curso que visa a mudar comportamentos.

Na sala de aula, a estratégia pedagógica está muito voltada a reproduzir desafios da prática empresarial, lançar problemas, fazer os alunos pensar. "O professor é um articulador, nunca alguém que diz a resposta certa. Então, o aluno precisa ter maturidade, trazer alguma experiência acumulada nessas questões. Por essa razão, eu não posso colocar no MBA um recém-egresso da graduação, sem experiência gerencial mínima." 

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Ascensão na carreira. Por ser procurado por profissionais experientes, em geral pessoas com metas definidas e grandes ambições, pesam sobre o MBA altas expectativas. Na pesquisa de perfil do aluno de MBA feita pela Associação Nacional de MBA (Anamba) em 2014, 33,5% dos entrevistados disseram esperar um aumento salarial de 31% a 50% após concluírem o curso. Outros 16,3% se mostraram ainda mais otimistas com o resultado da formação, com a possibilidade de aumento de 51% a 75% na remuneração. 

Para muitos, a expectativa vira uma realidade. "Nossas pesquisas mostram que o valor do MBA retorna para o estudante em menos de 24 meses como forma de aumento salarial. E 60% dos nossos alunos recebem alguma promoção ainda durante o curso", afirmou James Wright, diretor da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Segundo Wright, mais do que a força do diploma, existe uma relação causal entre as habilidades adquiridas e a ascensão na carreira. "Um bom MBA realmente prepara a cabeça do executivo, faz com que se habilite a receber mais responsabilidades." Com as responsabilidades vêm os cargos e salários mais altos. 

Rede de contatos. Mesmo satisfeita com seu cargo e salário, a gerente de Recursos Humanos Yvone Lobo, de 35 anos, decidiu em 2012 entrar em um MBA do Insper para melhorar sua rede de contatos profissionais. "Tinha experiência no Rio e em Brasília, mas fui transferida e queria conhecer o mercado de São Paulo e fazer networking aqui." 

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Os bons contatos não eram necessariamente para conseguir outro emprego. "Se eu precisasse de um fornecedor novo, se tivesse de expandir para outras cidades do Estado, queria saber quem procurar, com quem me aconselhar." Mas o emprego melhor acabou aparecendo também. 

"O dono de uma empresa estudou na minha turma. Sempre estávamos nos mesmos grupos, eu tinha muita curiosidade sobre as experiências dele porque era alguém com uma bagagem diferente. Durante um ano e meio conheci tudo da empresa", lembra a gerente de RH. Em 2014 surgiu uma oportunidade na empresa do ex-colega de MBA, que logo que se lembrou de Yvone. "Fiz entrevista, passei por processo seletivo como todo mundo e acabei ficando com a vaga. O antigo colega virou chefe." 

Depois do MBA e do novo emprego, a gerente de RH alimenta planos ainda mais ambiciosos para o futuro. "Com os pilares que construí, com essa visão mais aberta que ganhei no MBA, penso em ter minha própria empresa de RH. Mas é um plano a médio e longo prazo."

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Curso pode ser generalista ou focado em uma área

Um MBA pode ser só um MBA – também chamado de MBA executivo – ou pode ter um foco específico, como em Finanças, Marketing, Varejo, Inovação, Saúde, Gestão ou Tecnologia da Informação, entre outros. Mas, ainda que seja destinado a um nicho específico, o curso deve manter como objetivo formar gestores, pessoas com uma visão ampla do negócio. Por isso, continuam se distinguindo das especializações (ou pós-graduações).

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Sobre a opção por um MBA generalista ou específico, o momento da carreira é o fator que mais deve pesar, segundo Ricardo Fasti, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Business School São Paulo (BSP). Os programas executivos são para quem está ou almeja cargos de alta gestão; os específicos são mais adequados para uma gerência média. 

“O MBA clássico, generalista, é para quem chegou a um patamar de carreira em que precisa de uma visão geral do negócio: tem de pensar em estratégia, sucessão, futuro, aquisições, crescimento. Alguém que deseje adquirir competências estratégicas e comportamentais, mas não de técnicas.” 

As escolas costumam pedir uma experiência mínima de cinco anos para o ingresso nos cursos generalistas. Para os programas específicos, a exigência em geral cai para três anos de atuação profissional. “Os que têm um foco específico atingem um gestor de nível intermediário, aquele profissional que tem demandas técnico-funcionais aliadas a questões de liderança. Por isso, os MBAs especializados recebem um público um pouco mais jovem, que está saindo de uma posição de analista, coordenador”, explicou o diretor de Desenvolvimento de Negócios da BSP. 

Em ambos os casos, o curso tem o potencial de melhorar o desempenho profissional, mas o resultado efetivo vai depender do empenho do estudante, alerta o professor. “As experiências proporcionadas por um MBA mudam a forma com que você vê o mundo. Mas não se iluda: é um processo, não é fácil, e não é a solução para tudo.” Quanto mais claro for o objetivo do aluno, quanto mais sentido o MBA fizer dentro da trajetória profissional, mais positivo será o resultado na carreira. 

DEPOIMENTO - 'Sem MBA, experiência internacional não bastou' Elaine Durazzo, MBA Executivo Internacional na FIA

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"Eu me formei em Engenharia Química em 1994 e logo entrei em uma consultoria da área de Tecnologia, que acabou comprada por uma grande multinacional. Em dez anos na empresa, cheguei ao cargo de gerente sênior. Em 2005, meu marido teve a oportunidade de ser transferido para os Estados Unidos e decidimos aceitar. Fui sem emprego, mas consegui uma oportunidade em uma empresa global, onde também pude crescer. 

Depois de alguns anos longe, em 2012 tomei uma decisão pessoal de voltar para o Brasil, sobretudo porque queria que meus dois filhos soubessem o que é ter família por perto, pudessem conviver com os avós e tios. Quando se está em um cargo alto - eu era líder de operações de vendas -, fica mais difícil conseguir uma posição semelhante nas subsidiárias. Larguei o emprego para voltar ao País. Primeiro, foquei em guiar a adaptação das crianças porque meus filhos chegaram sem saber escrever em português, até sem falar muito bem. 

Quando voltei a buscar emprego, tive uma surpresa: nas posições executivas, sempre era cobrado um MBA. Eu tinha quase 20 anos de bagagem, experiência internacional, mas não conseguia posição porque me faltava esse pré-requisito. 

O MBA era algo que sempre esteve nos planos, mas acabou nunca se concretizando até então. Nos anos de consultoria no Brasil, eu viajava muito, nunca conseguia fazer. Nos Estados Unidos, com filhos pequenos e sem família por perto, não teria tempo para me dedicar. De volta ao Brasil, tentando voltar ao mercado, percebi que aquele era o momento, até para poder fazer networking. 

Comecei o MBA em março de 2014 e em dois meses eu estava empregada - antes havia tentado por nove meses. Mesmo sem ter concluído, as empresas sentem mais segurança porque você já começou. Terminei o curso em novembro e estou como líder de operações de uma das unidades mais importantes da companhia, respondendo diretamente ao vice-presidente. 

Um MBA de fato agrega conhecimento. Apesar da experiência prática, tem alguns conceitos que para mim não estavam tão bem solidificados. No meu caso, eram questões financeiras. O curso ainda leva o profissional a pensar de forma estratégica. A troca de experiência também conta muito. Minha turma pegou esta crise, na qual todos foram afetados, e foi interessante para discutir e adaptar soluções diferentes para o mesmo problema."

SERVIÇO

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Insper Curso: MBA Executivo Duração: 24 meses Vagas: 50 Inscrição: Até 23/1/2016 Seleção: Análise de currículo, entrevista, teste de raciocínio lógico e quantitativo e de inglês Custo: R$ 63.964,14 Início das aulas: 26/1/2016 Site: insper.edu.br

BSP Curso: Executive MBA Duração: 1 ano (360 horas) Vagas: Não divulgado Inscrição: Até janeiro Seleção: Análise do currículo, de carta de apresentação de empregadores e de ensaio sobre tema proposto, testes de Lógica e Matemática e entrevista Custo: R$ 42 mil - o módulo internacional não está incluído Início das aulas: Março Site: bsp.edu.br

FIA Curso: MBA Executivo Internacional Duração: 18 meses Vagas: 35 Inscrição: Até 30/1/2016 Seleção: Análise curricular, avaliação do questionário de inscrição e entrevista Custo: R$ 83,5 mil – o valor inclui duas viagens Início das aulas: 11/3/2016 Site: fia.com.br