PUBLICIDADE

Marta Suplicy participa de protesto a favor de Foucault na PUC

Conselho Superior da universidade barrou cátedra porque ideias do filósofo não estão em consonância com princípios católicos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Ex-aluna da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a senadora Marta Suplicy participou nesta segunda-feira, 25, de um ato em favor da criação de uma cátedra para o filósofo Michel Foucault. Em abril, o Conselho Superior da Fundação São Paulo, mantenedora da universidade, recusou no início do ano a criação de uma cátedra do pensador. 

PUBLICIDADE

O protesto reuniu cerca de 50 pessoas na frente da universidade. "A PUC é baluarte da democracia. E democracia implica acesso à livre informação, principalmente a de pensadores, concordando-se ou não com eles.Gostaríamos que fosse reexaminada a decisão da reitoria ainda mais frente ao papel que a PUC desempenhou no processo de redemocratização do Brasil", disse Marta.

Alunos e professores da universidade também organizaram um abaixo-assinado pedindo a revisão da decisão, que já conta com cerca de 4.000 assinaturas.

Segundo representantes da Associação de Professores da PUC (Apropuc), a recusa do Conselho Superior teria sido motivada pelo fato de as ideias de Foucault não estarem em consonância com os princípios católicos. No entanto, a justificativa da decisão não foi formalmente apresentada. O conselho superior é o órgão deliberativo máximo da PUC-SP, formado pela reitora Ana Cintra, cinco bispos auxiliares da Arquidiocese de São Paulo e o cardeal d. Odilo Scherer. O Conselho Universitário entrou com um recurso contra a decisão. 

A cátedra universitária é uma instância acadêmica destinada a fomentar o debate em torno de algum pensador ou teórico e para a preservação e atualização de seu trabalho. Foucault é conhecido por suas críticas às instituições sociais, entre elas a Igreja Católica. Além disso, era homossexual e foi uma das primeiras figuras públicas francesas a morrer por complicações da aids. 

A cátedra foi proposta à universidade em 2011, quando iniciaram as negociações para que recebesse a doação de uma coletânea de áudios de aulas de Foucault no Collège de France, entre 1971 e 1984. Os áudios já estão disponíveis na biblioteca do Departamento de Filosofia da PUC desde 2012. A universidade até montou uma plataforma eletrônica para oferecer os áudios para alunos e pesquisadores e evitar a reprodução e degradação dos arquivos. Caso não seja criada a cátedra, a universidade pode perder os áudios.

Em nota, a PUC informou apenas que o assunto segue em discussão na universidade e na fundação e que uma decisão deve sair em breve. Também informou que não há qualquer prevenção ou proibição à pesquisa de Foucault ou qualquer outro pensador na universidade. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.