Mãe teme que menino com má-formação não possa estudar

'As escolas não têm cuidador e não têm acessibilidade', queixa-se Márcia Martins, mãe de João Victor

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:
Atenção total. Márcia deixou o emprego há 4 anos, quando o filho nasceu com microcefalia Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A dona de casa Márcia Martins de Souza, de 44 anos, deixou o emprego de secretária há quatro anos quando nasceu seu segundo filho, João Victor, diagnosticado com microcefalia.

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Nos primeiros meses ela até tentou visitar creches na região onde mora, na Freguesia do Ó, na zona norte da capital, mas desconfiou que o filho pudesse não ter um atendimento adequado. “Ele precisa de muita atenção. Não consegue andar e tem problemas respiratórios. Não sabia se teria alguém para ficar com ele o tempo todo. Achei melhor me dedicar integralmente”, conta. O marido, autônomo, começou a cuidar da renda da casa.

Hoje, Márcia leva o menino para a fisioterapia três vezes por semana, de ônibus. Ele começou a usar cadeira de rodas recentemente e ainda está se adaptando. A mãe já procura escolas na região para matrículá-lo quando chegar aos 6 anos, idade de ingresso no ensino fundamental, mas teme que ele não possa iniciar os estudos. “Aqui na região as escolas não têm cuidador e não têm acessibilidade. Se for para deixar ele na escola só para passar o tempo, sem fazer nada, melhor ficar em casa”, diz.

Mesa. Já a dona de casa Michele da Silva Souza, de 33 anos, conta que tem lutado para garantir à filha Victoria, de 12, portadora da síndrome de DiGeorge, que continue estudando em uma escola regular. 

A mãe reclama que é frequente a falta de apoiadores no colégio, que, nestes casos, manda aviso aos pais para que nem levem os filhos para a escola. “Só nesse ano já aconteceu pelo menos umas oito vezes”, diz. Ela diz ainda que a filha, que precisa ser acompanhada para comer e ir ao banheiro, não tem cuidador. “Ela já reclamou de ter passado fome porque não tinha quem pegasse o lanche para ela.”

Michele também diz que a filha precisa usar um colete especial, que vai até o pescoço, pois tem escoliose, e que a menina não consegue escrever em mesas regulares, pois não consegue se curvar. “Eu já cansei de pedir a mesa adaptada, mas não adianta. A SME, em nota, diz que vai apurar o caso com “extremo rigor”. 

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