Lula diz que Educação precisa de criatividade e não só de dinheiro

No dia seguinte ao pedido de R$ 5,7 bilhões do ministro da Educação, o presidente afirma que o problema da miséria do ensino não depende apenas de dinheiro, mas de projetos criativos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que tão importante quanto alfabetizar é estimular os educadores. Em discurso na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Lula observou, dirigindo-se ao ministro da Educação Cristovam Buarque, que tão grave quanto o analfabetismo é uma criança ficar na escola repetindo todos os anos. O presidente disse que o problema da miséria do ensino não depende apenas de dinheiro, mas de projetos criativos e do esforço da sociedade. Lula defendeu a recuperação do sistema público de ensino e a melhora da auto-estima dos educadores brasileiros. "Temos professores mal remunerados, muitas vezes desmotivados. O magistério no Brasil era tratado como uma profissão nobre. Hoje não. A maioria dos professores do ensino público vive sem condições até mesmo de se aperfeiçoar", comparou. Lula lembrou que a maioria dos grandes pensadores brasileiros passaram pela escola pública. Citou, entre eles, o sociólogo Florestan Fernandes e o crítico literário Antonio Cândido. "Nossa revolução não é apenas alfabetizar. É melhorar a auto-estima do professor e dar sentido à escola pública que não pode ser o gueto da educação", disse. O presidente afirmou ainda que muitas vezes o problema da miséria do ensino não depende apenas de dinheiro, mas de projetos criativos e do esforço da sociedade, que deve assumir e assimilar as mudanças na educação. Pacto Nacional O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na mesma ocasião um pacto nacional para acabar com o analfabetismo que atinge hoje cerca de 20 milhões de adultos. No mesmo discurso na cerimônia de assinatura da parceria entre a CNI/Sesi e o Ministério da Educação para alfabetizar 2 milhões de pessoas em 4 anos, o presidente disse que a alfabetização e a educação dos brasileiros serão marca de seu governo. "Quero alfabetizar 20 milhões de jovens e adultos nos próximos quatro anos. É uma meta ambiciosa, mas pode ser alcançada com projetos alternativos e união de forças", disse. O presidente citou em seu discurso o educador Paulo Freire e a importância de entidades como Senai e as outras quatro do chamado Sistema S (Sesi, Senac, Sesc e Senar) para alfabetizar e capacitar os trabalhadores. Ele mencionou o fato de ter feito curso profissionalizante para torneiro mecânico no Senai. Citando uma frase de uma poetisa capixada, Elisa Lucinda, afirmou que "a fome é apetite sem esperança, e o analfabetismo, a cegueira de uma pessoa que enxerga". Dirigindo-se ao ministro da Educação, Cristovam Buarque, Lula afirmou que o governo não tem pressa em atingir as metas de erradicação do analfabetismo. Com a parceria, 10% da meta fixada pelo governo federal na área de alfabetização será cumprida. Para este ano, a meta é alfabetizar 300 mil pessoas. Para 2004/2005, a previsão é de 1 milhão de pessoas alfabetizadas, ficando as 700 mil para 2006. O processo de alfabetização será realizado nos 27 departamentos regionais do Serviço Social da Indústria, em aulas de 2 horas diárias, durante 6 meses, com turmas de 25 alunos.

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