PUBLICIDADE

Luiz Carlos Barreto: coisas que eu queria saber aos 21

'O Cinema Novo foi, na ditadura, consequência da minha vida jornalística. Foi uma opção de sobrevivência artística

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Aos 21 anos, na década de 1950, eu era repórter e fotógrafo da antiga revista O Cruzeiro. Eu estava cobrindo a Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, e fazendo reportagens não só esportivas como políticas, sobre cultura e de variedades. O Cruzeiro era, na época, o maior órgão de comunicação de massa do Brasil e todo mundo queria aparecer em suas páginas. Eu tinha o privilégio de, aos 21 anos, fazer parte de uma equipe de jornalistas e fotógrafos renomados. Lá foi a minha universidade, meu grande curso de vida.

PUBLICIDADE

Cheguei ao Rio, partindo do Ceará, onde nasci, com 17 anos. Durante 3 anos, fiz reportagens freelances para outros órgãos, como a revista A Cigarra, e depois fui para O Cruzeiro. Nessa época, o Rio era uma cidade de 1,2 milhão de habitantes, mais balneário que é hoje, e tinha uma vida noturna, da qual eu fazia parte, muito rica.

Foi com 21 anos que conheci a Lucy, minha mulher. Eu a conheci fazendo uma reportagem sobre a Miss Goiânia, e, como a mãe da Lucy era goiana, recepcionou a moça no apartamento da família em Laranjeiras. Na época, os concursos de Miss Brasil eram importantes, era moda. Foi lá que eu conheci a Lucy – ela tinha uns 17 anos. Eu fiquei muito fascinado com olhos verdes dela. Foi amor à primeira vista.

Poucos anos depois, ela foi estudar piano em Paris e eu, para não perder a namorada, fui atrás. Arranjei com o Chateaubriand (dono dos Diários Associados) de ser correspondente na Europa. E isso foi um pós-doutorado para mim. Lá tive contato com o mundo do cinema. Foi muito prazerosa a minha formação. Não cheguei a concluir o ginásio nem mesmo a universidade. Aprendi por meio do concreto da vida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.