Lixo: esse problema também é seu

Reportagem finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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Por Redação
Atualização:

Camila Aguiar de Oliveira Lopes*

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Mesmo antes de haver serviço de coleta de porta em porta, o lixo doméstico recebia destinação mais adequada que os lixões a céu aberto vistos em várias cidades do País. Nossas avós, por exemplo, tinham respostas rápidas sobre a melhor forma de lidar com os resíduos orgânicos – e cuidavam pessoalmente dos restos de comida produzidos. Uma filosofia que o movimento “Do Meu Lixo Cuido Eu” procura resgatar e estimular. Iniciado em 2006, na cidade de Curitiba, pelos professores universitários Claudio Oliver e Eduardo Feniman, o projeto chegou há dois anos a Fortaleza e começa a dar resultados. 

Enquanto Estados e municípios tentam elaborar planos de gestão de resíduos sólidos urbanos, que devem estar prontos até agosto de 2014, os idealizadores do movimento sugerem que as pessoas necessitem menos do serviço de coleta e dos aterros sanitários, e cuidem da destinação final do próprio lixo. O objetivo é reduzir o impacto da geração de resíduos e quebrar a cultura do descartável, a partir de processos de compostagem, reutilização e preciclagem, conceito que propõe a redução do consumo de produtos e embalagens não reutilizáveis.

No Estado do Ceará, o segundo maior produtor de resíduos sólidos urbanos do Nordeste, o projeto ganhou a adesão de Hugo Lucena Theophilo, um “entusiasta da agricultura urbana”, como ele próprio se define. Theophilo descobriu o trabalho de Claudio Oliver na internet, em 2009, e se identificou com as suas ações. “Percebi que ele não só promovia iniciativas chamadas de sustentáveis, mas as associava a um modo de vida”, explica Theophilo.

Inspirados em iniciativas que já aconteciam ao redor do mundo, Oliver e Feniman criaram a Lixeira Viva, equipamento que auxilia na compostagem do lixo orgânico dentro de casa, produzindo adubo. A intenção principal da dupla não é a de vender o equipamento e sim criar e valorizar as redes de relacionamento entre as pessoas, propiciandoconhecimento, técnicas e materiais necessários para a montagem de kits de compostagem. É o que chamam de “negócio social”.

Theophilo levou esse conceito para o Ceará e prega aquilo que acredita ser a melhor solução para o problema: a mudança dos hábitos de consumo e o manejo dos resíduos dentro de casa. Para compartilhar essa ideia, elerealiza oficinas de compostagem orgânica em Fortaleza. A última ocorreu no mês passado, dentro do projeto Percursos Urbanos, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Aos poucos o Do Meu Lixo Cuido Eu está alcançando e inspirando mais pessoas.

Para Hugo, a natureza do movimento é, sobretudo, compreender o lixo. “Aprendemos sobre ele e sobre nós, sobre o que é e o que não é lixo e sobre o que estamos consumindo e produzindo”, afirma. “Com boa vontade e imaginação, vamos descobrindo, pensando, adaptando e compartilhando alternativas.”

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*Finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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