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Livros encaixotados retornam para prédio histórico da São Francisco

Vazamento atingiu obras; mudança de biblioteca gera polêmicas desde o começo do ano

Por Paulo Saldaña e Carolina Stanisci
Atualização:

Livros encaixotados na biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) desde janeiro - e que foram atingidos por um vazamento nesta semana - serão removidos para o prédio histórico da unidade no próximo sábado (8). Segundo funcionários, a decisão foi tomada na noite passado em reunião entre a direção e um conselho formado para resolver problemas relacionados ao acervo.

 

 

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Todos os livros, encaixotados em um edifício anexo, devem ser levados de volta ao prédio central. Cerca de 500 publicações podem ter sido afetadas pela água. Segundo funcionários da biblioteca, que preferiram não se identificar por temer represálias da universidade, o vazamento começou no encanamento do 5º andar do prédio - localizado na rua Senador Feijó - por volta das 21h40 de segunda-feira (3).

 

 

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A direção da biblioteca nega os danos, mas confirma a mudança. "Na verdade, o material vai vir temporariamente para o prédio histórico para ficar na antiga (biblioteca) circulante", afirmou a diretora da biblioteca, Andreia Wojcicki. "Nenhum livro foi prejudicado pelo vazamento, a remoção acontecerá para organizarmos as estantes."

 

 

Mudanças do local da biblioteca já provocam atritos entre alunos e diretoria desde o ano passado. A mudança de todo o acervo de duas importantes bibliotecas - a circulante e as departamentais - para o prédio da Rua Senador Feijó foi decidida pelo então diretor da unidade, João Grandino Rodas - atual reitor da USP. Segundo Rodas, a transferência  teria sido necessária para liberar espaço para novas salas de aula no prédio histórico.

 

 

 

Desde janeiro, parte dos livros ainda está encaixotada e alunos reclamam que têm tido problemas quando precisam consultar alguma bibliografia. Uma funcionária da faculdade contou à reportagem que o local onde a biblioteca funciona está "abandonado". "As paredes estão porosas, os fios expostos, o chão quebrado, sem janela. Tem até bichos mortos no local", disse ela, que preferiu manter o anonimato.

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Investigação

Indignados, estudantes já procuraram o Ministério Público Federal. A procuradora Ana Cristina Bandeira Lins recebeu nesta semana um grupo de alunos que levou fotos sobre o vazamento que afetou os livros.

 

 

Ano passado, a procuradora havia instaurado um inquérito civil para apurar a reforma. O prédio histórico, inclusive a biblioteca, são tombados pelo patrimônio municipal e estadual. Em março, a procuradora recomendou à direção da faculdade que tirasse das caixas os livros em 30 dias, o que não ocorreu. Segundo a assessoria do órgão, ela irá se pronunciar nos próximos dias.

 

 

Os alunos preparam uma manifestação, às 19h, na faculdade.

 

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