Les Roches ensina Hotelaria com muito trabalho

Tradicional escola suíça tem os diplomas que todo profissional sonha exibir. A filial na Espanha é mais acolhedora aos latinos, mas o nível de exigência é altíssimo. Assim como os preços

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

São 7h30 e o restaurante está lotado para o café da manhã. Por isso, quem trabalha na cozinha sabe que tem de ser ágil para fazer os quitutes chegarem fresquinhos e saborosos à mesa dos comensais. Os garçons e atendentes, por sua vez, têm de ser eficientes para servir e cuidar da arrumação das mesas, que não podem ficar com uma migalha de pão sequer. O que parece ser a rotina matinal de um movimentado hotel é, na verdade, uma das aulas práticas do curso de Hotelaria da tradicional escola Les Roches, que conta com duas unidades em solo europeu ? a matriz, que este ano está completando 50 anos, fica no vilarejo de Bluche, pertinho da estação de esqui de Crans Montana, na Suíça. A outra, inaugurada em 1995, está na ensolarada Marbella, no sul da Espanha. A terceira escola, que deve ser aberta ainda este ano, ficará em Xangai, na China. A preparação do café da manhã é só uma parte da rotina puxada de centenas de jovens de 20 e poucos anos, que vêem na renomada escola suíça o melhor meio de realizar um sonho: o de ser um profissional de gabarito no disputado mundo da alta hotelaria. E credenciais não faltam à Les Roches para fazer com que esses meninos e meninas de diversas nacionalidades cheguem lá. Rotina e idioma A começar pela extensa grade curricular, toda ministrada em inglês. A medida ? tomada 25 anos atrás, quando o francês começava a cair em desuso como língua internacional ? acabou influenciando outras escolas suíças de Hotelaria. No caso da unidade de Marbella, o aluno que não domina inglês pode optar pelo currículo bilíngüe ? inglês e espanhol ? nos dois primeiros anos, mas o estágio tem de ser feito num país de língua inglesa. Além da língua materna e do inglês, os estudantes acabam saindo da Les Roches dominando pelo menos mais um idioma, aprendido na própria escola. Isso sem falar em todo tipo de programa de informática, incluindo os softwares usados especificamente na hotelaria. Muito trabalho Mas a força de vontade e a disposição dos estudantes podem ser verificadas nas aulas práticas. Desde o primeiro dia de curso, os alunos do primeiro ano ficam responsáveis pela arrumação, recepção e atendimento ? com toda pompa e circunstância típicas da hotelaria ? nos restaurantes da escola, que servem comida nos estilos bufê e a la carte. Os do segundo ano encaram os bastidores de um hotel, que incluem serviços do departamento de recursos humanos, governança e o preparo diário de comida. Para se ter uma idéia de como a cozinha é um território temido, imagine uma equipe de principiantes ? integrada muitas vezes por estudantes que sequer pisavam na cozinha de casa antes de começar o curso de hotelaria ? ter de cozinhar para, pelo menos, 300 pessoas, entre alunos e funcionários da escola. Isso durante seis dias da semana, mais alguns domingos, no esquema de plantão. Estágios Outro diferencial da Les Roches é o tempo gasto em estágios. A cada semestre passado na escola, há um de trabalho ? e bem remunerado, para certo alívio dos pais. É que eles têm de desembolsar, só pelas aulas do primeiro semestre, por exemplo, R$ 43 mil no caso de Bluche, e R$ 60 mil no campus de Marbella. Isso sem falar da estada, da alimentação, dos livros... Ao fim de três anos (ou quatro, para quem opta pelo bacharelado em Gerência de Hospitalidade Internacional, o chamado BBA), depois de muita louça lavada, de muitos pratos preparados e servidos, das aulas e projetos teóricos, dos amigos de várias partes do mundo e de algumas lágrimas derramadas pela saudade de casa, eles estão mais do que prontos e seguros para buscar seu lugar ao sol. E possivelmente vão alcançá-lo, pois um acompanhamento de ex-alunos da Les Roches mostra que 85% dos que lá se formaram encontraram colocação profissional. leia também Confiantes, brasileiros driblam a saudade Pagamento em reais, a câmbio fixo. Mas o valor...

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.