Laboratório e biblioteca mudam de função em escolas da capital

Unidades transformam antigos espaços em salas multimídia ou em oficinas para aprendizado ‘na prática’ e investem em tecnologia

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Após mudanças no currículo escolar e até mesmo na forma de dar aula, espaços tradicionais das escolas também estão passando por alterações. Além das salas de aula, bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências foram reformados e começam a ter novas funções dentro de colégios particulares de São Paulo.

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As modificações implementadas nos espaços físicos vieram depois da constatação de que, para potencializar o aprendizado, seria preciso focar no desenvolvimento de habilidades – como cooperação, senso crítico e curiosidade – e fazer com que o estudante se sinta a peça central em sala de aula.

No colégio Magno, no Jardim Marajoara, zona sul da capital, as mudanças começaram nos últimos dois anos, para que os alunos pudessem ter mais oportunidades de “aprender fazendo”, segundo explica a diretora pedagógica, Claudia Tricate. A biblioteca foi transformada em um espaço de convivência para alunos, funcionários e até pais.

No mesmo ambiente funciona a sala multimídia, em que os estudantes usam notebooks e outros equipamentos eletrônicos.

Biblioteca do colégio Magno abriu espaço para uma sala multimídia; estudantes estão desenvolvendo drone Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

A escola também montou um laboratório maker, onde os estudantes podem criar e desenvolver estruturas aplicando conceitos que aprendem nas aulas de matemática, química, física e biologia. Para isso, o colégio montou uma bancada com ferramentas e comprou uma impressora 3D. “Os alunos estão desenvolvendo um drone para fazer imagens aéreas, já fizeram um aquecedor solar para ser usado na escola. Eles ficam muito empolgados e se sentem motivados”, afirma Claudia.

Minioficina. No colégio Lourenço Castanho, em Moema, na zona sul, um laboratório de informática foi transformado em um espaço maker, com minioficina, impressora 3D, notebooks e tablets. “Mudamos recentemente nosso currículo porque queremos um aluno que interaja mais, por isso, precisávamos de espaços que proporcionassem essa interação”, diz a diretora de Currículo, Fabia Antunes.

Segundo ela, o laboratório de informática perdeu a importância nos últimos anos, porque ali as aulas ainda eram “muito passivas”, e os alunos tinham poucas oportunidades de colocar em prática conceitos que aprendiam em outras disciplinas.

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“Eles se sentem motivados em ter uma aula em um ambiente diferente, onde podem usar ferramentas que não estão acostumados. Além disso, esse laboratório nos permite dar mais autonomia e responsabilidade para os estudantes, o que faz com que eles se envolvam muito mais com os projetos.” Os jovens já fizeram uma cisterna e um projeto de energia solar para serem usados na unidade.

O colégio também reformou a biblioteca, para que ela passasse a integrar um laboratório de informática e uma sala de estudos. “É um local aconchegante e onde eles encontram tudo o que precisam para estudar”, afirma Fabia.

Tecnologia. No Elvira Brandão, em Santo Amaro, também na zona sul, o laboratório de informática também foi transformado em espaço maker. “Não faz sentido ter uma sala de informática hoje em dia, quando podemos acessar a internet e usar o computador em qualquer sala de aula e até no pátio”, diz o diretor, Renato Judice. O novo espaço é usado pelos estudantes do ensino fundamental ao médio.

A biblioteca também passou por obras para ficar mais aberta e iluminada. Os livros, que antes ficavam em altas prateleiras, foram colocados ao alcance das mãos. “A maior recompensa para nós foi ver que, se antes eles só pegavam livros na biblioteca que os professores mandavam, agora escolhem títulos por conta própria.”

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Protagonista. Para que as novas atividades e instalações tenham resultado significativo no aprendizado é preciso a total cooperação dos professores. “Eles têm de comprar a ideia, acreditar e entender que essa é uma forma de fazer o aluno se interessar, compreender melhor as disciplinas”, diz Claudia Tricate, do Magno.

No Elvira Brandão foi feita uma parceria com a PUC-SP para capacitar os professores sobre como melhor usar o laboratório maker. “O professor deixa de ser o protagonista em sala, é agora um orientador nesse novo modelo”, disse o diretor, Renato Judice.

Para ele, a equipe pedagógica precisa entender que essas aulas são um complemento às atividades regulares. 

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