
26 de março de 2012 | 21h48
A empresa de Edivaldo Martins nem existe e ele já pensa no mercado europeu. Coisa de empreendedor. Mas Edivaldo, de 46 anos, tem os pés no chão. Antes de lançar sua fábrica de briquetes, biocombustível produzido a partir de madeira, procurou ajuda na empresa júnior da FGV-SP. Os estudantes vão realizar um estudo minucioso para identificar a viabilidade do projeto e dar ao cliente informações sobre o mercado, além de fazer as projeções financeiras da futura companhia.
Por um trabalho como esse, a EJ-FGV cobra cerca de R$ 25 mil (todo dinheiro que entra é reinvestido na própria EJ). Edivaldo não pagará nada. É que ele ganhou um concurso promovido pelos juniores em novembro cujo objetivo era premiar com um serviço de consultoria o projeto de maior impacto, inovação e empreendedorismo. Recebeu 54 inscrições.
Tecnólogo ambiental pelo Senai, Edivaldo amadurece o projeto faz cinco anos, desde que trabalhou numa cooperativa de reciclagem. “A gente não coletava madeira, mas reparei que a procura das empresas por locais de descarte era grande.” Ele viu ali uma oportunidade de negócio, mas ainda não conseguiu investidor. “O briquete pode substituir o carvão usado em fornalhas de pizzarias e padarias. Tenho milhares de potenciais clientes só em São Paulo. E madeira não falta.”
O primeiro contato de Edivaldo com a EJ-FGV foi há um ano, depois de um atendimento frustrado no Sebrae e da “falta de atenção”, segundo ele, de outras duas empresas juniores. Na FGV, o empreendedor explicou sua ideia e recebeu o orçamento de um plano de negócios. Descapitalizado, Edivaldo preferiu esperar. Foram os próprios alunos que ligaram para ele, meses depois, convidando-o a participar da competição.
Segundo a aluna do 5.º semestre de Economia Isabela Banduk, gerente comercial da EJ-FGV aos 19 anos, o projeto de reaproveitamento de biomassa venceu porque precisava receber uma “linguagem empresarial” e casou com a visão da empresa de “transformar ideias em desenvolvimento sustentável para o País”. Estudantes de Administração e Direito também integram a EJ, a mais antiga empresa júnior da América Latina, criada em 1988.
Edivaldo conheceu as etapas do estudo de viabilidade na quinta-feira, 22, na sede da EJ. A apresentação foi conduzida por Isabela e três colegas. A cada slide, o tecnólogo ganhava mais confiança. Ele viu que os juniores usam metodologias de consultorias como McKinsey e Bain & Co. (esta última, atual parceira da EJ) e se baseiam em literatura científica para desenvolver as pesquisas de mercado e o planejamento financeiro. Professores da FGV também vão dar suporte ao projeto, dividido em oito fases e previsto para terminar em 55 dias úteis.
“Temos que analisar as chances de lucro ou prejuízo já que a fábrica exigiria investimento inicial muito alto”, explicaram os consultores Marcelo Ajzen e Isadora Andrade, ambos de 19 anos e alunos do 5.º semestre de Administração. O colega deles Rodrigo Sebastião, de 21 e matriculado no 4.º período, completou: “A gente vai se desdobrar para entregar o que você busca.”
Edivaldo saiu satisfeito. “Eles vão me ajudar a ver deficiências do projeto, e de graça. Juntou a fome com a vontade de comer.”
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