José Goldemberg recebe Prêmio Professor Emérito

Físico contribuiu na administração pública como reitor da USP e ministro da Educação e é pesquisador de renome internacional

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Por Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - O físico e ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) José Goldemberg recebeu nesta quarta-feira, 15, o Prêmio Professor Emérito - Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita, concedido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em parceria com o Estado. Desde 1997, o prêmio é dado anualmente àqueles que prestam serviços relevantes à educação do País. 

Além de contribuições na administração pública, como reitor e ministro da Educação, Goldemberg é um pesquisador de reconhecimento internacional. “É um lutador por natureza”, elogiou Ruy Martins Altenfelder Silva, presidente do Conselho de Administração do CIEE e da comissão julgadora do prêmio. “Sua brilhante trajetória é pontuada por vários destaques, que mostram a paixão pela pesquisa e pela transmissão de conhecimento, pilares da formação de novas gerações”, disse. 

'O prêmio aumenta o prestígio da atividade educacional', diz Goldemberg Foto: Hélvio Romero/Estadão

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A comissão julgadora é formada por conselheiros do CIEE, outros professores eméritos e personalidades acadêmicas e empresariais e a lista de candidatos é sugerida a cada ano. Na votação final, a escolha de Goldemberg foi unânime. Como nas últimas edições, a entrega do troféu, que desde 2013 leva o nome de Ruy Mesquita em homenagem póstuma ao ex-diretor de Opinião do Estado, foi no Dia do Professor. 

“Essa é uma profissão em que ninguém fica rico. O reconhecimento dos outros é uma forma de recompensar isso”, afirmou Goldemberg. “O prêmio também aumenta o prestígio da atividade educacional. Aos olhos do governo, preocupado com outras coisas como saúde e segurança, é preciso mostrar que a educação é ingrediente fundamental para resolver os problemas brasileiros”, completou. 

Em seu discurso de agradecimento, Goldemberg destacou a necessidade de melhorar a educação básica e ampliar o acesso ao ensino superior. O homenageado lembrou das dificuldades enfrentadas no Ministério da Educação e criticou a falta de mais investimentos nos ensinos fundamental e médio de São Paulo e do País. O físico recebeu o prêmio das mãos do especialista em bioética William Saad Hossne, laureado em 2013.

Trajetória. As passagens na gestão pública não impediram Goldemberg de manter intensa atividade de pesquisa sobre energia e biomassa, com passagens por instituições de ponta na Europa e dos Estados Unidos. Gaúcho, ele se formou em Física na USP em 1950 e, 15 anos mais tarde, começou a modernizar o ensino dessa ciência como docente da Escola Politécnica. Em 1970, assumiu a direção do recém-criado Instituto de Física. Ainda participou ativamente do debate ambiental e da militância contra a construção de armas nucleares no Brasil.

Na época em que esteve à frente da USP (1986-1990), a instituição conquistou a autonomia administrativa e financeira. Goldemberg foi responsável por consolidar esse processo, que desenvolveu as três universidades estaduais paulistas. Em seu mandato, a meritocracia também era meta. 

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Goldemberg ocupou também os cargos de secretário de Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia do governo federal no início da década de 1990. Foi secretário paulista de Meio Ambiente (2002-2006). Aos 86 anos, o físico ainda orienta trabalhos de pesquisa no Instituto de Energia e Ambiente da USP. 

Reconhecimento. Para o reitor da USP, Marco Antonio Zago, o prêmio também condecora o papel da universidade. “Dos 18 laureados até agora, só um ou dois não estudaram na USP. E pelo menos 13 são ou foram nossos professores”, enumerou. “Ficamos orgulhosos.”

Outros premiados

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1997 - Ruth Cardoso, antropóloga 1998 - Miguel Reale, jurista e ex-reitor da USP 1999 - Esther de Figueiredo Ferraz, jurista e ex-ministra da Educação 2000 - Luiz Décourt, cardiologista da USP 2001 - José Pastore, sociólogo da USP 2002 - Hélio Guerra, pioneiro em tecnologia e ex-reitor da USP 2003 - Antonio Candido, escritor e crítico literário 2004 - Paulo Vanzolini, zoólogo e compositor 2005 - Paulo Nogueira Neto, professor e ambientalista 2006 - Crodowaldo Pavan, biólogo geneticista 2007 - Ives Gandra da Silva Martins, tributarista 2008 - Evanildo Bechara, filólogo e da Academia Brasileira de Letras 2009 - Adib Jatene, médico e ex-ministro da Saúde 2010 - José Cretella Junior, jurista e gramático 2011 - Angelita Habr-Gama, especialista em cirurgia 2012 - Delfim Netto, economista e ex-ministro da Fazenda 2013 - William Saad Hossne, especialista em bioética 

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