
30 de novembro de 2010 | 01h24
Um “cientista que saiba escrever” é melhor do que “um jornalista que entenda de ciência”, como na provocação lançada pela revista The Economist? A diretora da escola de Jornalismo da Universidade Columbia, Perri Klass, prefere a cautela: depende do caso. “Muitas das melhores reportagens de ciência que li foram escritas por repórteres que não tinham uma formação específica sobre a área que estavam escrevendo.” Perri sabe do que está falando. É colunista do New York Times, mas se formou em Medicina na Universidade Harvard antes de migrar para o Jornalismo.
Nos Estados Unidos, as principais escolas têm foco na pós-graduação de Jornalismo, e não na graduação. Em geral, os alunos estudam em outras áreas antes da formação específica. Existe graduação em Jornalismo no país, mas a formação costuma ser paralela, com o estudante cursando Jornalismo e Ciência Política, por exemplo. Esse modelo complementar é considerado o ideal por diretores de escolas de Jornalismo que conversaram com a reportagem do Estado.
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Três dos principais centros de estudo de Jornalismo dos EUA ficam em Nova York. O de Columbia é considerado um dos melhores e, no passado, era parada quase obrigatória para quem quisesse trabalhar no New York Times. A escola também concede o prêmio mais importante da categoria, o Pulitzer. Na pós da universidade, os alunos se concentram em uma área da imprensa, como jornal ou TV. Mas também podem cursar disciplinas em outras escolas, como a de Relações Internacionais, ou estudar línguas como persa e árabe.
Na Universidade de Nova York (NYU), os alunos têm formação eclética. Saem da faculdade sabendo como escrever o perfil de uma personalidade e editar um documentário.
Perma-lance. Menos tradicional, a Cuny, universidade pública da cidade de Nova York, também entrou forte no ensino de Jornalismo. A vantagem, segundo afirma o diretor da escola, Stephen Dougherty, é que ela é nova e incorporou as mudanças provocadas por inovações tecnológicas.
“Os estudantes precisam saber que a carreira deles provavelmente não será no NYT. Precisam ser versáteis e desenvolver sua marca pessoal. Eles são o que se chama de perma-lance, o free-lance permanente.”
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