Irmãos brasileiros fazem história na Imagine Cup

Pela primeira vez uma equipe venceu três categorias da maior competição de desenvolvimento e design digital do mundo

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Por Sergio Pompeu
Atualização:

SYDNEY - Os irmãos brasileiros Roberto e Eduardo Sonnino fizeram história nesta terça-feira em Sydney, Austrália, na final da edição 2012 da Imagine Cup, maior competição de desenvolvimento e design digital do mundo. Ficaram em primeiro lugar em três categorias e ajudaram o Brasil a ser o maior destaque da 10ª edição do torneio, criado pela Microsoft. País com o maior número de projetos na final mundial do evento, seis, o Brasil teve ainda outro pódio. O time The Doers, formado por alunos da Universidade Positivo, ficou em segundo lugar na categoria Game Design: XBox Windows.        Lançada em 2003, com uma única premiação, em Software Design, a Imagine Cup teve oito categorias este ano. Desde a primeira edição, realizada em Barcelona, o número de trabalhos inscritos nas etapas nacionais saltou de 1 mil para 250 mil. Em Sydney havia 106 times de 75 países.       Números que só tornam mais impressionante a façanha dos irmãos Sonnino. Roberto, de 24 anos, e Eduardo, de 22, participaram de oito edições da Imagine Cup. Fizeram sua despedida do torneio em Sydney com um desempenho invejável: ficaram seis vezes em primeiro lugar. Em outras seis, ficaram em segundo ou terceiro. "Todos os projetos que apresentamos nas finais mundiais chegaram pelo menos ao pódio", disse Roberto. "Desta vez a gente estava confiante que ganharia alguma coisa. Mas jamais poderíamos imaginar que ficaríamos em primeiro em todas as categorias que disputamos." Em Sydney, os Sonnino apresentaram na verdade três interfaces de um projeto, o Eureka, plataforma de aulas interativas que serve tanto a alunos como professores. A proposta é permitir aos professores desenvolver conteúdos usando a linguagem multimídia e os gadgets que fazem parte do cotidiano dos alunos, como o smartphone, o tablet e o Kinect. Com um design sofisticado, ele permite aos estudantes navegar com mais autonomia pelas aulas, "manipulando", por exemplo, um cérebro em 3D como se estivessem num game. "É uma plataforma para melhorar a experiência educacional. Todo mundo já teve aulas chatas com professores horríveis", disse Eduardo. "É uma ferramenta mais fácil de usar que um powerpoint, que exige muito tempo para agregar imagem ou vídeo. O professor tem de se preocupar só com o conteúdo, porque a gestão do layout é muito mais fácil", explicou Roberto.     O mais velho dos Sonnino está de malas prontas para mudar para Redmond, em Washington. Formado no ano passado em Engenharia da Computação na Escola Politécnica da USP, vai trabalhar na sede da Microsoft, como desenvolvedor. Designer, Eduardo ainda está cursando Engenharia da Computação, na Unicamp. Iria se formar no fim do ano, mas decidiu trancar matrícula para fazer um estágio de três meses na fabricante de software Telerik, em Austin, no Texas.

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Na cerimônia de premiação, no Sydney Convention Center, Roberto e Eduardo não foram os únicos da família a subir ao palco. O pai, Bruno, também levou dois troféus, como mentor dos garotos nas categorias Windows Azure Challenge e Windows Metro Style App Challenge. Na terceira premiação, de Kinetic Fun Lab Challenge, os irmãos tiveram outro mentor, o professor da Poli e do Senac Romero Tori, e uma parceira, a engenheira de Computação Keila Matsumura, formada pela Poli.

Ele próprio um desenvolvedor, Bruno diz que teve um papel secundário. "Dei alguma ajuda, trocamos ideias, mas os meninos é que tinham o projeto na cabeça." Os filhos, porém, ressaltaram o papel da família no seu desempenho. "Meu pai é consultor e sempre trabalhou em casa. Somos uma família ligada em tecnologia", disse Eduardo. "A gente brinca dizendo que tropeçávamos em mouses quando éramos crianças."

A mãe, Anna, também veio a Sydney. Saiu do evento cheia de orgulho dos nerds da família e encarregada de uma logística complicada: como levar para o Brasil oito troféus, com peso de cerca de 3 quilos, além de equipamentos ganhos pelos filhos. O jeito foi apelar para a ajuda de funcionários da subsidiária da Microsoft que deram suporte aos times brasileiros, e do Bradesco, um dos patrocinadores mundiais da competição.  O Estadão.edu também contribuiu nesse esforço. O repórter está levando na bagagem dois dos troféus. * O repórter viajou a Sydney a convite da Microsoft

 

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