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Instituições abrem graduações à parte para ‘estudantes maduros’

Turmas apresentam desafios maiores para os professores, pois alunos possuem questões mais técnicas

Por Luciana Alvarez
Atualização:

Como resposta ao crescimento do número de estudantes experientes, muitas instituições abriram nos últimos anos graduações exclusivas para quem já é formado ou cursos que tenham uma idade mínima para ingresso. Além da possibilidade de eliminar disciplinas, o que diminui o tempo de curso, os alunos convivem com pessoas com um perfil mais parecido com o seu.

 

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Mas o professor Carlos Monteiro, diretor da CM Consultoria em educação, acredita que as iniciativas são insuficientes. “Temos cerca de 1,2 milhão de alunos acima dos 30, mas o segmento tem passado despercebido pela maioria das universidades.”

 

“Você não pode imaginar que o atendimento a essa parcela será igual aos demais”, afirma Monteiro. “Em geral, são pessoas que já fizeram vários cursos de aperfeiçoamento durante a vida profissional, mas que, em uma sala cheia de gente mais nova, acabam se encolhendo. Seria muito enriquecedor se eles estivessem juntos.”

 

O empresário João de Oliveira Silva, de 30 anos, diz que não estaria disposto a fazer uma graduação tradicional, mas hoje cursa Administração em um programa da Universidade Anhembi Morumbi destinado a quem tem mais de 24 anos e já está no mercado de trabalho. “O curso tem flexibilidade de horários e as aulas são muito dinâmicas, todos participam ativamente”, afirma.

 

Silva acha que, com a faculdade, terá mais chances de sucesso em seu negócio e só não havia ingressado mais cedo por falta de estabilidade financeira.

 

O coordenador do curso, Mauro Moraes, destaca que os resultados da segmentação têm sido positivos. “Quem entra está procurando qualidade e se dedica inteiramente. Esse clima facilita o aprendizado”, afirma.

 

Desafio. Para os docentes, porém, essas turmas “maduras” são mais desafiadoras. “O professor precisar estar ligado no mercado e ao mesmo tempo dar um tratamento especial a um aluno que esteja há mais tempo sem estudar”, relata Moraes.

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A diretora da Trevisan Escola de Negócios, Luciana Onusic, conta que tem de escolher com cuidado redobrado os professores do curso de Ciência Contábeis exclusivo para bacharéis em Direito, Economia ou Administração. “As questões dos alunos são mais práticas e técnicas. Eles já estão no mercado, têm um interesse concreto pela área”, diz.

 

Segundo Luciana, outra característica típica do grupo é o interesse em ampliar a rede de contatos profissionais entre os colegas e até trocar de emprego. “Recebo de recém-formados a gerentes, mas todos eles sentem como se fosse uma pós-graduação.”

 

Aperfeiçoamento. A tendência de segmentação para atender a alunos mais maduros começou em 2005 e desde então diversas universidades de todo o País abriram cursos de segunda graduação ou segunda licenciatura. Há também opções de licenciatura para bacharéis e graduação em Pedagogia para licenciados.

 

Na Universidade Camilo Castelo Branco, a opção para responder a uma demanda dos mais velhos foi a criação de um curso de agronomia noturno em Fernandópolis, no interior de São Paulo. Muitos trabalhadores do campo não conseguiam se especializar por causa do horário do curso tradicional, que é em período integral.

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