Hora da volta às aulas em São Paulo deixa alunos mais ansiosos

Pais dialogam e preparam os filhos para um retorno que pode ser algo ‘diferente de antes’

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Por Paula Felix
Atualização:

Às vésperas da reabertura das escolas para atividades extracurriculares, que ocorrerá nesta quarta-feira, pais e alunos estão ansiosos para a retomada e preparados para as novas regras impostas por causa da pandemia. Mesmo sabendo que será necessário manter o distanciamento, estudantes estão contentes por poder matar a saudade dos colegas.

Pedro Maio Gamarra, de 8 anos, já sabe o que vai levar no primeiro dia de aula: “O meu lanche, álcool em gel, máscara e uma luva”. Também avisa que vai reencontrar amigos. “A professora já contou quem vai.”

O piloto de avião Gustavo Miranda Leal, de 41 anos, e os filhos Samuel, de 8 anos, Sarah e Luísa, de 5 anos Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

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A mãe do garoto, a empresária Taciane de Almeida Maio Gamarra, de 38 anos, diz que a família vinha se preparando para a volta às aulas e o retorno vai trazer benefícios para Pedro e para sua irmã Giulia, de 4 anos.

“Meu mais velho está estressado, sem paciência. Ele está ansioso para pegar o uniforme e está adorando esse retorno das atividades presenciais. Vai ser bom também para eles se adaptarem para como vai ser daqui para frente”, diz a empresária.

Quem vai voltar à escola na próxima semana também já conta os dias para retomar o contato com os colegas e professores, mesmo com as regras de distanciamento, uso de máscara e do álcool em gel. O piloto de avião Gustavo Miranda Leal, de 41 anos, já separou álcool em gel e máscaras adicionais para colocar nas mochilas dos filhos Samuel, de 8 anos, Sarah e Luísa, de 5 anos, e também intensificou as orientações.

“Eles estão bem ansiosos, sentem falta do convívio social. Até cobraram a gente, há uns 30 dias, sobre a volta às aulas. O que observei é que o diálogo funcionou e a escola vai tomar as medidas de proteção.”

Gustavo Leal já separou álcool em gel e máscaras adicionais para colocar nas mochilas dos filhos Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Os irmãos Sophia e Theo Larcher, de 17 e 12 anos, respectivamente, também vão participar de atividades extracurriculares a partir da semana que vem e não escondem a ansiedade. “Estou com as expectativas altas, porque não aguento mais ficar em casa. Acho legal voltar por três horas para a gente se ver um pouco.” Os sentimentos de Theo se misturam ao falar da retomada das atividades escolares. “Na parte emocional, é difícil descrever. É uma mistura de saudade com ansiedade. Ao mesmo tempo em que estou ansioso para ver meus amigos, estou com medo da dita cuja a covid-19.”

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Mãe dos estudantes, a professora Melissa Larcher, de 46 anos, relata que a volta está sendo mais difícil do que quando os filhos migraram para o ensino remoto por causa da pandemia. “São muitas dúvidas. Mas o que a gente espera, de verdade, é que eles tenham interação social. Apesar de ter a insegurança sobre o componente de saúde - o meu filho é asmático -, eu autorizei ele a voltar.” Melissa aposta na informação e na transparência. “Eles estão contentes, querem o prédio da escola, mas nós os estamos preparando para não ser a mesma escola.”

A escola onde estuda o filho da advogada Carolina Carmona, de 43 anos, reabre nesta quarta-feira, mas Felipe Carmona Torres, de 9 anos, só vai participar das atividades na próxima semana.

"Tem uma tabela e, nesse esquema, ele vai ter aulas três vezes ao mês durante quatro horas. Ele está online todos os dias e as crianças querem interação com os amigos e professores. Meu filho está cansado."

Ela conta que a escola fez uma pausa nesta semana e a família aproveitou para ir para a praia para desconectar. "A gente está fora e ele não quer mais o digital."

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Felipe está ansioso para retomar as atividades presenciais. "Estou querendo voltar, porque as aulas online estão dificultando. Quando a gente tem dúvida sobre a lição, tem de mandar mensagem para o professor e esperar ele responder. O que mais sinto falta na escola são os meus amigos."

Professora do Instituto Singularidades e psicopedagoga, Marta Gonçalves destaca a importância do diálogo e do acolhimento no processo. “Não importa a idade, tem de conversar. Corremos o risco de a criança ir para a escola e não querer retornar. Tem de acolher essa decepção.”

Ela diz que é comum sentir ansiedade na retomada, mas que os pais devem observar e procurar ajudar, caso o sintoma se prolongue.

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