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Grevistas suspendem piquetes na USP

Retomada das negociações evita confronto com a polícia. Reitores e grevistas voltam a discutir reajuste salarial

Por Agencia Estado
Atualização:

Os piquetes nos portões da Universidade de São Paulo (USP) foram suspensos nesta quarta-feira, depois que representantes dos grevistas e a reitoria marcaram nova rodada de negociações. A Justiça já havia autorizado o uso da força policial para a retirada dos piqueteiros, o que poderia ter ocorrido na segunda-feira, mas a retomada do diálogo levou funcionários e professores a suspender os bloqueios. Está prevista para a tarde desta quarta-feira, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a nova reunião entre o Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp) e o Fórum das Seis, formado pelas entidades que representam professores e funcionários das três universidades estaduais ? USP, Unicamp e Universidade Estadual Paulista (Unesp). A greve nas três instituições foi iniciada há 56 dias e a principal reivindicação, no momento, é o reajuste salarial de 9,41%. Pedras e barras de ferro Na USP, a greve ganhou apoio dos estudantes, que passaram a ajudar os funcionários nos piquetes. Nos últimos dias, a tensão aumentou com a notícia de que a Justiça havia autorizado o uso da polícia para removê-los dos portões. Muitos piqueteiros passaram a juntar pedras e barras de ferro e madeira para um eventual confronto. Na segunda-feira, representantes do Fórum das Seis foram convocados pelo reitor da USP, Adolpho José Melfi, numa tentativa de evitar a ação policial. ?O reitor nos garantiu que não haveria punição aos grevistas e marcamos uma nova negociação para hoje entre o Fórum das Seis e o Cruesp?, relata Lucília Daruiz Borsari, professora do Instituto de Matemática e Estatística e 1.ª secretária da Associação dos Docentes da USP (Adusp). Oferta O Fórum das Seis recomendou então ao Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) que levasse às assembléias a proposta de suspender os piquetes. Na terça-feira, o reitor se reuniu com o presidente do sindicato, Magno de Carvalho, reafirmando que não haverá punições e que o desconto dos dias não trabalhados será decidido depois do fim da greve. Ofereceu também um aumento do vale-refeição de R$ 45 para R$ 130. "Se tudo for cumprido, podemos defender o fim da greve na sexta-feira", afirmou o Carvalho. "Caso contrário, vamos radicalizar mais." Quem parou Na Unicamp, os funcionários desistiram da greve no início deste mês, mas continuam garantindo apoio aos professores. Segundo o coordenador do Fórum das Seis, Milton do Prado Jr., 40% dos docentes da Unicamp continuam parados. Ali os estudantes não aderiram à paralisação, como na USP. Na Unesp, conforme Prado ? que é presidente da Associação dos Docentes (Adunesp) -, 90% dos professores e funcionários nos 15 campi estão parados e há greve de alunos em quatro cidades: Marília Bauru Prudente Franca. Na USP, disse ele, a adesão dos professores é de 70% e a de funcionários chega a praticamente 100%. Reivindicações O coordenador prevê uma longa discussão nesta nova etapa de negociações. Os grevistas começaram a mobilização, em maio ? data-base das categorias ?, reivindicando 16% de reajuste, que foi integralmente negado pelo Cruesp. Os reitores mantêm a posição contrária a qualquer reajuste, alegando que a legislação os impede, enquanto os grevistas levam à nova rodada a proposta de 9,41%. ?Na verdade, precisaríamos de um reajuste de 49% para repormos as perdas que tivemos desde janeiro de 1989?, explica a diretora da Adusp. ?Mas estamos negociando 9,41%, que representa a reposição das perdas que tivemos desde maio de 2001.? Segundo Lucília, o índice representa apenas uma volta ao pequeno pico salarial que as categorias tiveram depois da greve de 2000.

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