Governo e universidades querem preencher vagas ociosas, mas não sabem como

Para o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Paulo Alcântara Gomes, serão necessários ajustes orçamentários internos para que se aproveitem as vagas ociosas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério da Educação ainda estuda como ajudar as instituições de ensino superior a colocar em prática a medida de preenchimento de vagas anunciada na segunda-feira. No pacote do governo, foi mostrada a necessidade de as universidades preencherem suas vagas ociosas, deixadas por alunos que desistem dos cursos em que ingressaram. Só em universidades federais são 40 mil. A resolução do problema, no entanto, implica um aumento no número de estudantes, que, por sua vez, necessita de investimentos do governo para melhorar estrutura e contratar mais professores para as universidades. Segundo o chefe de gabinete da Secretaria do Ensino Superior do MEC, Jorge Gregori, a medida anunciada faz parte do pacto que o ministério está construindo com as universidades. A intenção, de acordo com ele, é expandir o ensino superior. A parte das instituições nesse pacto, portanto, seria a de empenhar-se em diminuir as vagas remanescentes. Já o governo estuda possibilidades de dar mais autonomia às universidades e promover novos concursos públicos para a contratação de professores, como já mencionou o ministro Cristovam Buarque. De acordo com o ministério, já há instituições que organizam processos seletivos para diminuir suas vagas remanescentes, mas, muitas vezes, esses sistemas são pouco divulgados ou não atingem totalmente o problema. Com o estímulo do governo, a intenção é que essa solução também comece a ser cobrada pela sociedade. O que está sendo prometido para agora é o preenchimento de 3 mil vagas ociosas nas federais do Paraná, de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, justamente algumas das que já possuem sistemas para diminuir os lugares deixados por alunos que abandonam seus cursos. Para o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Paulo Alcântara Gomes, serão necessários ajustes orçamentários internos para que se aproveitem as vagas ociosas. O raciocínio é simples: mais alunos em sala de aula aumentarão, por exemplo, o gasto de material de consumo nos laboratórios. "O interesse de todos é preencher as vagas, mas é necessário preparo administrativo", diz. "Vagas ociosas em universidades públicas é algo vergonhoso", diz a responsável pelo Núcleo de Pesquisa do Ensino Superior da Universidade de São Paulo (USP), Eunice Durham. Ela defende que o governo condicione o repasse de verbas a uma avaliação positiva ou negativa da instituição. "As que diminuíssem as vagas ociosas teriam uma avaliação positiva." Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o processo começa este ano, com o oferecimento de 1.009 vagas em várias áreas. Segundo o reitor Carlos Augusto Moreiro Junior, alunos inadimplentes em faculdades privadas poderão migrar para universidades públicas sem perder o investimento nos anos de estudo. Isso porque eles passarão por exames e poderão ingressar no mesmo ano em que estavam matriculados. Os interessados podem se inscrever até o dia 23 pelo site www.nc.ufpr.br.

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