Gil critica ações afirmativas sem explicação

Ministro diz que sociedade resiste a mudanças, mas lembra que movimentos não a convencem sobre necessidade de ações que facilitam acesso de negros a universidades

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Por Agencia Estado
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O ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou na terça-feira que a resitência às ações afirmativas como a criação de estímulos ao ingresso de negros nas universidades refletem, em parte, "o reacionarismo clássico" da sociedade brasileira diante da mudança. Mas ele também responsabilizou os partidários dessas medidas, dizendo que "a falta de explicações sobre a necessidade de políticas compensatórias" para o combate à desigualdade racial no Brasil dificulta a sua aceitação. Gil falou por videoconferência no seminário Raça e Desigualdade Social: Cor, Classe e Cultura no Brasil e nos Estados Unidos, realizado em Brasília e Washington pelo Ministério da Cultura e pelo Projeto Brasil do Woodrow Wilson International Scholars, com patrocínio do Banco Mundial. O secretário-executivo do ministério, Juca Junqueira, afirmou que as medidas de ação afirmativa já adotadas pelas universidades estaduais do Rio e da Bahia e pela Universidade de Brasília foram introduzidas "sem o devido trabalho político de sustentação". Ensino ruim Junqueira lembrou também que a má qualidade do ensino público é o grande fator que alimenta a desigualdade no acesso à educação superior e reduz o impacto das políticas compensatórias. Uma das participantes, Kátia Santos, que prepara tese de doutorado na Universidade da Geórgia sobre a conquista da identidade pelas negras no Brasil e nos EUA, contou sua luta para chegar à faculdade. Débora Carrari, da Universidade da Flórida, falou sobre a violência policial contra negros como forma de controle social nos dois países. Também participaram da conferência os professores Liv Sovik, da Universidade de São Paulo, e Ron Walters, da Universidade de Maryland.

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