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Futebol atrai as crianças, mas adultos ensinam seus jogos

Muitos não brincam mais como seus pais e avós, mas comunidades cuidam para não perder tradições. Há muitos jogos sem vencedores nem perdedores

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre os diversos jogos, brincadeiras e brinquedos que os pesquisadores Maurício Lima e Breno Nogueira encontraram nas aldeias Kamaiurá e Bororo, alguns poderiam ter desaparecido nos últimos anos por falta de interesse das crianças e jovens. ?Eles querem jogar futebol, querem torcer para os times das grandes cidades, e muitos quase não brincam as brincadeiras e brinquedos tradicionais?, relatou Lima, em telefonema de Cuiabá. ?Mas os adultos estão ensinando as crianças.? A competição está presente na diversão dos indígenas brasileiros como em qualquer sociedade, analisa o pesquisador, que há 14 anos investiga jogos e brincadeiras no Brasil. ?Não podemos idealizá-los, eles são iguais à gente, também têm disputa, também querem ganhar?, disse. Mas os relatos mostram muitas situações em que não há vencedores e perdedores, apenas a vez de uns e de outros. Trocando de lados Assim é o ywa ywa, por exemplo. Neste jogo, são feitos discos de fibra de buriti de diversos tamanhos. Um grupo de crianças posta-se com seus arcos e flechas enquanto outro grupo joga o disco maior, rolando diante dos atiradores, que têm de acertá-lo. ?Eles têm de pegar o disco, mas só podem pegá-lo pelas flechas que conseguirem espetar?, explicou Lima. Em seguida, são atirados os outros discos, em ordem de tamanho decrescente. Quando conseguem ?capturar? o menor deles, os grupos trocam de lado. ?Mas eles gritam muito quando capturam o último disco, é uma comemoração enorme. Mas o que chamou atenção dos pesquisadores, segundo Lima, foi a criatividade dos indígenas, sua habilidade para produzir brinquedos ?sem a tecnologia das cidades? e a capacidade de se divertir com simplicidade. ?Os Kamaiurás se destacaram pelas habilidades manuais, e os Bororos chamaram atenção pela complexidade de seu jogo da onça contra os cachorros?, lembrou. ?Vi como eles são ricos na sua cultura.? leia também Expedição conta como se brinca nas tribos brasileiras clique para acompanhar a expedição e conhecer detalhes dos jogos, brinquedos e brincadeiras indígenas

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